
O filme relata os momentos finais da agonia alemã em Berlim. Aliás toda a acção desenrola-se no bunker onde Hitler permaneceu até ao suicídio e só depois de compreender, com desmedida dificuldade, que tudo estava perdido, mas sempre sem aceitar capitular nem sequer negociar condições de rendição com os Aliados. Evitou metodicamente dar o prazer aos adversários, especialmente Estaline, de o encarcerarem e o condenarem à morte. Depois de dar tantas ordens para matar todo o tipo de gente, desde judeus e ciganos passando por populações dos países ocupados até acabar a mandar matar os oficiais do seu próprio exército (ora por incompetência ora por traição, ou suposta traição) além de civis alemães. A sua última ordem foi matar-se a si próprio, acautelando, todavia, que o seu corpo seria queimado com vários litros de gasolina para evitar que este fosse “exposto num museu russo”. Assim cai um inabalável fanático que foi doentio, cruel e impiedoso até ao último segundo de vida.
No entanto, o filme mostra uma faceta humana do ditador alemão. Não o apresenta apenas como um doente mental obstinado com uma utopia execrável. Mas também como um homem, como todos os outros, mas um homem fanático que não teve a capacidade nem a humildade para reconhecer qualquer erro seu. A culpa do desaire, segundo Hitler, foi de tudo e de todos menos dele. Eva Braun é retratada como uma mulher emancipada, mas refém da figura daquele com que haveria de casar instantes antes de partilhar não a vida mas a morte. Goebbels e a sua esposa Magda personificaram os mais indefectíveis e irracionais fanáticos. Seguros que o III Reich não sobreviveria suicidaram-se depois de matarem os seus seis filhos. “Não há futuro sem o Nacional-Socialismo”, disse Magda Goebbels.
Baseado na obra Inside Hitler’s Bunker: The Last Days of the Third Reich de Joachim Fest e nas memórias de Traudi Junge, dactilógrafa do ditador nazi, é um filme de visionamento e reflexão obrigatórios para todos os que se recusem a viver a vida sem se esforçarem para a compreender.
Sem comentários:
Enviar um comentário