quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

“Rendimento mínimo para todos”

Num inquérito sobre participação cívica e política de jovens em Portugal vi a seguinte questão: “achas que todas as pessoas deviam receber o rendimento mínimo?”. Numa escala de 0-4, a pergunta obteve um consentimento pelos petizes na ordem dos 3,1. Fiquei admirado pela aprovação não ser ainda mais alta.
Os incongruentes responsáveis pelos inquéritos, membros da “esquerda da esquerda”, acham que os problemas sociais se resolvem, isto é, obtêm-se a “mudança social”, com a atribuição do rendimento mínimo a todas as pessoas. A ideia é sedutora. Quem diz que não a dinheiro? Quando afinal o dinheiro se revelou o verdadeiro ópio do povo e não a religião como o Marx e o Engels pensaram, para não variar, erradamente.
Esta “esquerda chique” (de acordo com a definição do ministro Santos Silva) funciona como uma puta com HIV: alicia-te primeiro, delicia-te depois e desgraça-te por fim.
Nunca ocorreu àquelas cabeças que se todas as pessoas recebessem o rendimento mínimo (suponho que ande por uns 400 e tal euros) ninguém que receba 500 ou 600 iria trabalhar. Porque se sem fazer nenhum já ganham 400 então porquê trabalhar várias horas por dia durante vários dias por mês só para receber mais 100 ou 200 euros? Ninguém iria trabalhar por menos de 1000 euros por mês. E mesmo assim não era para qualquer trabalho, como, por exemplo, empregado de mesa ou balcão.
Nem vale a pena falar sobre onde se iria arranjar o dinheiro para pagar os rendimentos mínimos para todos, assim como para pagar a inflação dos salários aos que “decidissem livremente” querer trabalhar. Porque, para essa gente trabalhar é uma opção e o Estado é uma espécie de imensa e eterna árvore das patacas.
A pouca inteligência associada à ignorância produz “pensamentos” deste tipo. Se fossem ditos no café tudo bem. Mas são “pensamentos” ditos em salas de aulas de universidades públicas portuguesas sob a forma de “matéria” que os alunos devem aprender sob pena de virem a ter sérios problemas, como notas baixas. E discordar também não é alternativa. A “atribuição do rendimento mínimo para todos” é matéria sensível e sem lugar a discussão. “Só os burros é que não entendem”, dizem eles.

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