sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Se eu fosse treinador do PSD

Apesar de ainda ser cedo para se poder condenar José Sócrates do que quer que seja, porque não está de modo algum afastada a hipótese do Caso Freeport ser apenas um imenso mal entendido e o primeiro-ministro ser completamente inocente, eu se fosse treinador do PSD colocaria preferencialmente Pedro Passos Coelho a aquecer desde já.
Após o desfecho ou no seguimento do interminável prolongamento deste caso e na eventualidade de falta de condições políticas para que José Sócrates continue no cargo, o PSD deve-se preparar para ser governo já este ano. Manuela Ferreira Leite serve para garantir a supremacia do partido no poder autárquico e para sofrer uma derrota honrosa nas eleições europeias e legislativas. Mas não serve para ganhar eleições. Mas Passos Coelho ou até Rui Rio servem. Por isso, enquanto aguardam desenvolvimentos deste caso, que a cada dia que passa desgasta de modo irreversível a imagem do primeiro-ministro, saiam do banco do banco de suplentes de líderes do PSD e vão aquecendo. Logo se vê se regressam ao banco ou entram no jogo.

Setúbal (vista da marinha)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Orgia intelectual pura: Fragmentos de un Evangelio apócrifo (Jorge Luis Borges)

3. Desdichado el pobre en espíritu, porque bajo la tierra será lo que ahora es en la tierra.

4. Desdichado el que llora, porque ya tiene el hábito miserable del llanto.

5. Dichosos los que saben que el sufrimiento no es una corona de gloria.

6. No basta ser el último para ser alguna vez el primero.

7. Feliz el que no insiste en tener razón, porque nadie la tiene o todos la tienen.

8. Feliz el que perdona a los otros y el que se perdona a sí mismo.

9. Bienaventurados los mansos, porque no condescienden a la discordia.

10. Bienaventurados los que no tienen hambre de justicia, porque saben que nuestra suerte, adversa o piadosa, es obra del azar, que es inescrutable.

11. Bienaventurados los misericordiosos, porque su dicha está en el ejercicio de la misericordia y no en la esperanza de un premio.

12. Bienaventurados los de limpio corazón, porque ven a Dios.

13. Bienaventurados los que padecen persecución por causa de la justicia, porque les importa más la justicia que su destino humano.

14. Nadie es la sal de la tierra, nadie, en algún momento de su vida, no lo es.

15. Que la luz de una lámpara se encienda, aunque ningún hombre la vea. Dios la verá.

16. No hay mandamiento que no pueda ser infringido, y también los que digo y los que los profetas dijeron.

17. El que matare por la causa de la justicia, o por la causa que él cree justa, no tiene culpa.

18. Los actos de los hombres no merecen ni el fuego ni los cielos.

19. No odies a tu enemigo, porque si lo haces, eres de algún modo su esclavo. Tu odio nunca será mejor que tu paz.

20. Si te ofendiere tu mano derecha, perdónala; eres tu cuerpo y eres tu alma y es arduo, o imposible, fijar la frontera que los divide…

24. No exageres el culto de la verdad; no hay hombre que al cabo de un día, no haya mentido con razón muchas veces.

25. No jures, porque todo juramento es un énfasis.

26. Resiste al mal, pero sin asombro y sin ira. A quien te hiriere en la mejilla derecha, puedes volverle la otra, siempre que no te mueva el temor.

27. Yo no hablo de venganza ni de perdones; el olvido es la única venganza y el único perdón. Hacer el bien a tu enemigo puede ser obra de justicia y no es arduo; amarlo, tarea de ángeles y no de hombres.

29. Hacer el bien a tu enemigo es el mejor modo de complacer tu vanidad.

30. No acumules oro en la tierra, porque el oro es padre del ocio, y éste, de la tristeza y el tedio.

31. Piensa que los otros son justos y lo serán, y si no es así, no es tuyo el error.

32. Dios es más generoso que los hombres y los medirá con otra medida.

33. Da lo santo a los perros, echa tus perlas a los puercos; lo que importa es dar.

34. Busca por el agrado de buscar, no por el de encontrar…

39. La puerta es la que elige, no el hombre.

40. No juzgues al árbol por sus frutos ni al hombre por sus obras; pueden ser peores o mejores.

41. Nada se edifica sobre la piedra, todo sobre la arena, pero nuestro deber es edificar como si fuera piedra la arena…

47. Feliz el pobre sin amargura o el rico sin soberbia.

48. Felices los valientes, los que aceptan con ánimo parejo la derrota o las palmas.

49. Felices los que guardan en la memoria palabras de Virgilio o de Cristo, porque éstas darán a luz a sus días.

50. Felices los amados y los amantes y los que pueden prescindir del amor.

51. Felices los felices.

Jorge Luis Borges, Elogio de la sombra, 1969.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Com Sócrates os subsídios duram mais

A solução do governo para combater as dificuldades derivadas do desemprego é aumentar o tempo em que cada beneficiário recebe o subsídio de desemprego. Esta é mais uma burrice típica da esquerda. Até parece que quem está desempregado e recebe subsídio de desemprego procura emprego enquanto recebe o subsídio. Claro que existem excepções, mas, em regra, todos os que recebem subsídio de desemprego não procuram trabalho enquanto dura o subsídio. Quando muito tentam apenas conciliar esse subsídio com outras actividades renumeradas "à parte". E apenas quando este termina é que se “fazem à vida”. E o governo, por estupidez ou por caça ao voto da esquerda malandra, decidi aumentar o período de duração do subsídio. Contudo, assim garante que a taxa de desemprego permanece alta, algo que costuma a ter influência em tempo de eleições, principalmente junto daqueles que querem trabalhar.
Não estamos nos EUA onde estar desempregado e receber subsídio é uma vergonha para o beneficiário e até para a família deste. Estamos em Portugal onde receber subsídios do Estado é sinal de esperteza. E este governo estimula a permanência desta cultura assistencialista. Por isso parabéns ao governo e à esquerda que não gosta de trabalhar. Nas próximas legislativas votem em José Sócrates, porque com ele no poder os subsídios duram mais tempo.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O desapontamento dos ignorantes

Muita gente, principalmente gente neo-socialista, ficou desapontada com o discurso de tomada de posse de Barack Obama (aqui reproduzido na íntegra). Houve mesmo quem tivesse resumido o discurso como um “conjunto de banalidades”.
É o que acontece quando se mistura crença com ignorância. Muita dessa gente intelectualmente menor deve ter acreditado em Obama – ou seja, “o Outro” – como aquele que lhes vinha trazer a sua tão querida “igualdade”, primeiro na América depois no Mundo, talvez aproveitando a oportunidade de investidura para fundar a URSA (União das Repúblicas Socialistas da América). Esqueceram-se que Obama não é um eleitor ignorante do Bloco de Esquerda cioso das suas “regalias sociais” enquanto funcionário público, ou um frustrado profissional fracassado e mal pago e, por isso mesmo, um invejoso – do tipo: já que não tenho capital, então quero que o capitalismo termine.
Mas não, Obama é um americano que, como todos os verdadeiros americanos, prefere a Liberdade à Igualdade. É alguém que subiu na vida por mérito próprio; e ninguém que procure o seu sucesso pessoal pode defender a “igualdade”, na acepção da palavra que a esquerda neo-socialista lhe dá. Aliás, nem por uma vez proferiu a palavra “igualdade” no seu discurso, excepto quando disse que “Deus criou os homens como iguais” – a alusão a Deus, proibida na Europa pelos censores da esquerda, estragou-lhes a vaga alusão ao conceito.
O facto de afirmar que a “grandeza da América” faz-se por aqueles “que correm riscos” e pelos que preferem o “trabalho ao lazer”, além de promessa que os EUA irão “derrotar os seus inimigos” deve ter magoado bastante essa esquerda imbecil. Mas a mim deu-me tanto gozo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A Europa em 2015: o mais terrível dos presságios

Escrito com Cabeça (21)

«Estamos hoje muito vigiados; somos vigiados por leitores, vizinhos, colegas de trabalho, pessoas que nos amam ou nos detestam, gente irrelevante, gente a que damos importância, gente que não tem importância. A net é barata, acessível e livre. Dá para tudo, para o melhor e para o pior, para a maledicência e para a aldrabice, para as cartas de amor (ridículas, evidentemente) e para a banalização de tudo. É aí que estamos todos. Perdeu-se muita inocência na internet. Às vezes, ainda bem; de outras vezes, infelizmente.»
Francisco José Viegas no Origem das Espécies.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Discurso da tomada de posse de Barack Obama

“Meus caros cidadãos:

Aqui estou hoje, humilde perante a tarefa à nossa frente, grato pela confiança que depositaram em mim, consciente dos sacrifícios que os nossos antepassados enfrentaram. Agradeço ao Presidente Bush pelo seu serviço à nossa nação, assim como a generosidade e a cooperação que demonstrou durante esta transição.

Quarenta e quatro americanos fizeram até agora o juramento presidencial. Os discursos foram feitos durante vagas de crescente prosperidade e águas calmas de paz. No entanto, muitas vezes a tomada de posse ocorre no meio de nuvens espessas e furiosas tempestades. Nesses momentos, a América perseverou não só devido ao talento ou à visão dos que ocupavam altos cargos mas porque Nós o Povo permanecemos fiéis aos ideais dos nossos antepassados e aos nossos documentos fundadores.

Assim tem sido. E assim deve ser com esta geração de americanos.

Que estamos no meio de uma crise, já todos sabem. A nossa nação está em guerra, contra uma vasta rede de violência e ódio. A nossa economia está muito enfraquecida, consequência da ganância e irresponsabilidade de alguns, mas também nossa culpa colectiva por não tomarmos decisões difíceis e prepararmos a nação para uma nova era. Perderam-se casas; empregos foram extintos, negócios encerraram. O nosso sistema de saúde é muito oneroso; para muita gente as nossas escolas falharam; e cada dia traz-nos mais provas de que o modo como usamos a energia reforça os nossos adversários e ameaça o nosso planeta.

Estes são indicadores de crise, resultado de dados e de estatística. Menos mensurável mas não menos profunda é a perda de confiança na nossa terra - um medo incómodo de que o declínio da América é inevitável, e que a próxima geração deve baixar as expectativas.

Hoje eu digo-vos que os desafios que enfrentamos são reais. São sérios e são muitos. Não serão resolvidos facilmente nem num curto espaço de tempo. Mas fica a saber, América - eles serão resolvidos.

Neste dia, unimo-nos porque escolhemos a esperança e não o medo, a unidade de objectivo e não o conflito e a discórdia

Neste dia, viemos para proclamar o fim dos ressentimentos mesquinhos e falsas promessas, as recriminações e dogmas gastos, que há tanto tempo estrangulam a nossa política.

Continuamos a ser uma nação jovem, mas nas palavras da Escritura, chegou a hora de pôr as infantilidades de lado. Chegou a hora de reafirmar o nosso espírito de resistência, de escolher o melhor da nossa história; de carregar em frente essa oferta preciosa, essa nobre ideia, passada de geração em geração; a promessa de Deus de que todos somos iguais, todos somos livres, e todos merecemos uma oportunidade de tentar obter a felicidade completa.

Ao reafirmar a grandeza da nossa nação, compreendemos que a grandeza nunca é um dado adquirido. Deve ser conquistada. A nossa viagem nunca foi feita de atalhos ou de aceitar o mínimo. Não tem sido o caminho dos que hesitam – dos que preferem o divertimento ao trabalho, ou que procuram apenas os prazeres da riqueza e da fama. Pelo contrário, tem sido o dos que correm riscos, os que agem, os que fazem as coisas – alguns reconhecidos mas, mais frequentemente, mulheres e homens desconhecidos no seu labor, que nos conduziram por um longo e acidentado caminho rumo à prosperidade e à liberdade.

Por nós, pegaram nos seus parcos bens e atravessaram oceanos em busca de uma nova vida.

Por nós, eles labutaram em condições de exploração e instalaram-se no Oeste; suportaram o golpe do chicote e lavraram a terra dura. Por nós, eles combateram e morreram, em lugares como Concord e Gettysburg; Normandia e Khe Sahn.

Tantas vezes estes homens e mulheres lutaram e se sacrificaram e trabalharam até as suas mãos ficarem ásperas para que pudéssemos viver uma vida melhor. Eles viram a América como maior do que a soma das nossas ambições individuais; maior do que todas as diferenças de nascimento ou riqueza ou facção.

Esta é a viagem que hoje continuamos. Permanecemos a nação mais poderosa e próspera na Terra. Os nossos trabalhadores não são menos produtivos do que eram quando a crise começou. As nossas mentes não são menos inventivas, os nossos produtos e serviços não são menos necessários do que eram na semana passada ou no mês passado ou no ano passado. A nossa capacidade não foi diminuída. Mas o nosso tempo de intransigência, de proteger interesses tacanhos e de adiar decisões desagradáveis – esse tempo seguramente que passou.

A partir de hoje, devemos levantar-nos, sacudir a poeira e começar a tarefa de refazer a América.

Para onde quer que olhamos, há trabalho para fazer. O estado da economia pede acção, corajosa e rápida, e nós vamos agir – não só para criar novos empregos mas para lançar novas bases de crescimento. Vamos construir estradas e pontes, redes eléctricas e linhas digitais que alimentam o nosso comércio e nos ligam uns aos outros.

Vamos recolocar a ciência no seu devido lugar e dominar as maravilhas da tecnologia para elevar a qualidade do serviço de saúde e diminuir o seu custo. Vamos domar o sol e os ventos e a terra para abastecer os nossos carros e pôr a funcionar as nossas fábricas. E vamos transformar as nossas escolas e universidades para satisfazer as exigências de uma nova era.

Podemos fazer tudo isto. E tudo isto iremos fazer. Há alguns que, agora, questionam a escala das nossas ambições – que sugerem que o nosso sistema não pode tolerar muitos planos grandiosos. As suas memórias são curtas. Esqueceram-se do que este país já fez; o que homens e mulheres livres podem fazer quando à imaginação se junta um objectivo comum, e à necessidade a coragem.

O que os cínicos não compreendem é que o chão se mexeu debaixo dos seus pés – que os imutáveis argumentos políticos que há tanto tempo nos consomem já não se aplicam. A pergunta que hoje fazemos não é se o nosso governo é demasiado grande ou demasiado pequeno, mas se funciona – se ajuda famílias a encontrar empregos com salários decentes, cuidados de saúde que possam pagar, pensões de reformas que sejam dignas. Onde a resposta for sim, tencionamos seguir em frente. Onde a resposta for não, programas chegarão ao fim.

E aqueles de nós que gerem os dólares do povo serão responsabilizados – para gastarem com sensatez, reformarem maus hábitos e conduzirem os nossos negócios à luz do dia – porque só então poderemos restaurar a confiança vital entre o povo e o seu governo.

Não se coloca sequer perante nós a questão se o mercado é uma força para o bem ou para o mal. O seu poder de gerar riqueza e de expandir a democracia não tem paralelo, mas esta crise lembrou-nos que sem um olhar vigilante o mercado pode ficar fora de controlo – e que uma nação não pode prosperar quando só favorece os prósperos. O sucesso da nossa economia sempre dependeu não só da dimensão do nosso Produto Interno Bruto, mas do alcance da nossa prosperidade; da nossa capacidade em oferecer oportunidades a todos – não por caridade, mas porque é o caminho mais seguro para o nosso bem comum.

Quanto à nossa defesa comum, rejeitamos como falsa a escolha entre a nossa segurança e os nossos ideais. Os nossos Pais Fundadores, face a perigos que mal conseguimos imaginar, redigiram uma carta para assegurar o estado de direito e os direitos humanos, uma carta que se expandiu com o sangue de gerações. Esses ideais ainda iluminam o mundo, e não vamos abdicar deles por oportunismo.

E por isso, aos outros povos e governos que nos estão a ver hoje, das grandes capitais à pequena aldeia onde o meu pai nasceu: saibam que a América é amiga de todas as nações e de todos os homens, mulheres e crianças que procuram um futuro de paz e dignidade, e que estamos prontos para liderar mais uma vez.

Recordem que as primeiras gerações enfrentaram o fascismo e o comunismo não só com mísseis e tanques mas com alianças sólidas e convicções fortes. Compreenderam que só o nosso poder não nos protege nem nos permite agir como mais nos agradar. Pelo contrário, sabiam que o nosso poder aumenta com o seu uso prudente; a nossa segurança emana da justeza da nossa causa, da força do nosso exemplo, das qualidades moderadas de humildade e contenção.

Nós somos os guardiões deste legado. Guiados por estes princípios uma vez mais, podemos enfrentar essas novas ameaças que exigem ainda maior esforço – ainda maior cooperação e compreensão entre nações. Vamos começar responsavelmente a deixar o Iraque para o seu povo, e a forjar uma paz arduamente conquistada no Afeganistão. Com velhos amigos e antigos inimigos, vamos trabalhar incansavelmente para diminuir a ameaça nuclear, e afastar o espectro do aquecimento do planeta.

Não vamos pedir desculpa pelo nosso modo de vida, nem vamos hesitar na sua defesa, e àqueles que querem realizar os seus objectivos pelo terror e assassínio de inocentes, dizemos agora que o nosso espírito é mais forte e não pode ser quebrado; não podem sobreviver-nos, e nós vamos derrotar-vos.

Porque nós sabemos que a nossa herança de diversidade é uma força, não uma fraqueza. Nós somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus – e não crentes. Somos moldados por todas as línguas e culturas, vindas de todos os cantos desta Terra; e porque provámos o líquido amargo da guerra civil e da segregação, e emergimos desse capítulo sombrio mais fortes e mais unidos, não podemos deixar de acreditar que velhos ódios um dia passarão; que as linhas da tribo em breve se dissolverão; que à medida que o mundo se torna mais pequeno, a nossa humanidade comum deve revelar-se; e que a América deve desempenhar o seu papel em promover uma nova era de paz.

Ao mundo muçulmano, procuramos um novo caminho em frente, baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo. Aos líderes por todo o mundo que procuram semear o conflito, ou culpar o Ocidente pelos males da sua sociedade – saibam que o vosso povo vos julgará pelo que construírem, não pelo que destruírem. Aos que se agarram ao poder pela corrupção e engano e silenciamento dos dissidentes, saibam que estão no lado errado da história; mas que nós estenderemos a mão se estiverem dispostos a abrir o vosso punho fechado.

Aos povos das nações mais pobres, prometemos cooperar convosco para que os vossos campos floresçam e as vossas águas corram limpas; para dar alimento aos corpos famintos e aos espíritos sedentos de saber. E às nações, como a nossa, que gozam de relativa riqueza, dizemos que não podemos mais mostrar indiferença perante o sofrimento fora das nossas fronteiras; nem podemos consumir os recursos do mundo sem prestar atenção aos seus efeitos. Porque o mundo mudou, e devemos mudar com ele.

Ao olharmos para o caminho à nossa frente, lembremos com humilde gratidão os bravos americanos que, neste preciso momento, patrulham desertos longínquos e montanhas distantes. Eles têm alguma coisa para nos dizer hoje, tal como os heróis caídos em Arlington fazem ouvir a sua voz. Honramo-los não apenas porque são guardiões da nossa liberdade, mas porque incorporam o espírito de serviço; uma vontade de dar significado a algo maior do que eles próprios. E neste momento – um momento que definirá uma geração – é este espírito que deve habitar em todos nós. Porque, por mais que o governo possa e deva fazer, a nação assenta na fé e na determinação do povo americano.

É a generosidade de acomodar o desconhecido quando os diques rebentam, o altruísmo dos trabalhadores que preferem reduzir os seus horários a ver um amigo perder o emprego que nos revelam quem somos nas nossas horas mais sombrias. É a coragem do bombeiro ao entrar por uma escada cheia de fumo, mas também a disponibilidade dos pais para criar um filho, que acabará por selar o nosso destino.

Os nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos com que os enfrentamos podem ser novos. Mas os valores de que depende o nosso sucesso – trabalho árduo e honestidade, coragem e fair play, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo – estas coisas são antigas. Estas coisas são verdadeiras. Têm sido a força silenciosa do progresso ao longo da nossa história. O que é pedido, então, é o regresso a essas verdades.

O que nos é exigido agora é uma nova era de responsabilidade – um reconhecimento, da parte de cada americano, de que temos obrigações para connosco, com a nossa nação, e com o mundo, deveres que aceitamos com satisfação e não com má vontade, firmes no conhecimento de que nada satisfaz mais o espírito, nem define o nosso carácter, do que entregarmo-nos todos a uma tarefa difícil.

Este é o preço e a promessa da cidadania.

Esta é a fonte da nossa confiança – o conhecimento de que Deus nos chama para moldar um destino incerto.

Este é o significado da nossa liberdade e do nosso credo – é por isso que homens e mulheres e crianças de todas as raças e todas as religiões se podem juntar em celebração neste magnífico mall, e que um homem cujo pai há menos de 60 anos não podia ser atendido num restaurante local pode agora estar perante vós a fazer o mais sagrado juramento.

Por isso, marquemos este dia com a lembrança do quem somos e quão longe fomos. No ano do nascimento da América, no mais frio dos meses, um pequeno grupo de patriotas juntou-se à beira de ténues fogueiras nas margens de um rio gelado. A capital tinha sido abandonada. O inimigo avançava. A neve estava manchada de sangue. No momento em que o resultado da nossa revolução era incerto, o pai da nossa nação ordenou que estas palavras fossem lidas ao povo:

“Que o mundo que há-de vir saiba que... num Inverno rigoroso, quando nada excepto a esperança e a virtude podiam sobreviver... a cidade e o país, alarmados com um perigo comum, vieram para [o] enfrentar.”

América. Face aos nossos perigos comuns, neste Inverno das nossas dificuldades, lembremo-nos dessas palavras intemporais. Com esperança e virtude, enfrentemos uma vez mais as correntes geladas e suportemos as tempestades que vierem. Que seja dito aos filhos dos nossos filhos que quando fomos testados recusámos que esta viagem terminasse, que não recuámos nem vacilámos; e com os olhos fixos no horizonte e a graça de Deus sobre nós, levámos adiante a grande dádiva da liberdade e entregámo-la em segurança às futuras gerações.”

Público, 21 de Janeiro de 2009

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Religião e Obama

Adeus Bush. Até à próxima Rice.

Ele sai como uma imagem completamente desgastada, dentro e fora dos EUA, e à espera da absolvição pela História da sua condenação pelos contemporâneos. Contudo, Rice, que foi o seu braço-direito em política externa (onde a condenação de Bush foi maior) sai também mas com a imagem completamente intacta e até com algum prestigio acumulado. Ele espera pela História. A História espera por ela.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Escrito com Cabeça (20)

«O Islão é uma fé que ainda acredita que o mundo se encontra dividido em Dar Al-Islam, os locais sob o seu controle, e Dar Al-Harb, as zonas a serem conquistadas.» Maria Filomena Mónica na “Sábado” (18-12-2008)

Dúvida multicultural

Muçulmanos virados para Meca a orar em frente à Catedral de Milão, onde organizaram um protesto "por Gaza" à maneira islâmica, ou seja, queimando bandeiras de Israel e dos EUA, decretando "morte aos infiéis" e acabando com uma oração. Mas, como será que reagiriam estes pacíficos fiéis de Alá se fossem cristãos, hindus ou budistas (e nem falo em judeus) a rezar, depois de se portarem como uns animais irracionais, junto de uma qualquer mesquita?

domingo, 18 de janeiro de 2009

Uma pequena história sobre a tolerância multicultural

Numa faculdade pública onde 100% dos professores são “neo-socialistas” e “multiculturalistas” (será coincidência?) assisti a uma aula onde uma professora, notoriamente excitada, delirava sobre a “atitude de respeito” face ao “Outro”, porque não existem “culturas superiores nem inferiores”. Assim, de acordo com essa tarada, um debate sobre “democracia e participação cívica” entre uma equipa de investigadores da Universidade de Yale e outra da Universidade de Oxford encontra-se no mesmo nível (“igual”) dum plenário de chefes aborígenes da Papua Nova Guiné.
Interrompida na sua excitação multicultural por uma aluna que a questiona sobre se existem pessoas que não partilhem essa visão multicultural, responde de pronto: “existir existem, mas não são pessoas inteligentes. As pessoas que são inteligentes pensam assim.” Sobre a tolerância intelectual dos multiculturalistas acho que estamos conversados.

Corisco multiculturalismo

«O "multiculturalismo" prescreve a equivalência de todas as culturas e, logo, a impossibilidade de conflito entre valores distintos, sempre toleráveis, sempre fascinantes. O "multiculturalismo" só abre uma excepção na tolerância e no fascínio para abominar o exacto Ocidente que lhe permite existir. Por isso, as declarações de D. José Policarpo foram um maná para as brigadas da correcção política, que são uma espécie de braço armado do pensamento "multicultural" e, portanto, definem o que é e o que não é aceitável. (...) Não é aceitável impor limites à liberdade individual, mas impõe-se censura atenta aos críticos do "multiculturalismo", que sob o verniz ecuménico é um óbvio princípio totalitário e um monte de sarilhos que Alá sabe onde acabam.» Alberto Gonçalves no DN (18-1-09)

sábado, 17 de janeiro de 2009

É de gente assim que a política precisa

«A diferença entre PS e PSD é essa: não acreditamos numa sociedade assistencialista. Acreditamos numa sociedade em que os indivíduos são capacitados para ajudarem a resolver os seus próprios problemas, cabendo apenas aos poderes públicos criarem as melhores condições para que estes problemas se resolvam. Damos a iniciativa às pessoas e os poderes públicos apoiam, e não acreditamos em paternalismos.» Berta Cabral no DN (17-1-2009) . Foto de Eduardo Medeiros.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O Espelho do Corisco aconselha jovens portuguesas militantes do BE a casarem com muçulmanos

O Cardial Patriarca de Lisboa aconselhou, terça-feira, durante uma tertúlia na Figueira da Foz, as jovens portuguesas a reflectirem sobre a possibilidade dantesca de casarem com um muçulmano. A declaração já provocou um chilique mental na extrema-esquerda que, com a inteligência que se lhe conhece, mostra-se perplexa pelo facto de haver líderes religiosos que dão indicações aos fiéis da religião que lideram. Afinal como pode um líder católico dar indicações aos católicos?
D. José Policarpo disse: “Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam.” Mas o que o Cardeal queria realmente dizer às jovens portuguesas era: se quiserem conhecer o apocalipse leiam o Livro do Apocalipse, que até já se encontra na Bíblia, em vez de casaram com um muçulmano e viverem o vosso próprio apocalipse. Concordo. Muitas vezes ler é melhor que viver.
Contudo, o Espelho do Corisco também tem uma recomendação para rivalizar com a do Cardeal Patriarca. Nós – que na ausência de fiéis próprios decidimos fazer recomendações aos fiéis dos outros – recomendámos a todas as jovens militantes do Bloco de Esquerda a casarem com muçulmanos. Todas, incluindo a Joana Amaral Dias, devem mostrar solidariedade, amor e carinho para com os pacíficos muçulmanos casando-vos com eles. Um mundo de alegria, liberdade e felicidade espera-vos. Não hesitem: vão à rua, procurem o primeiro marroquino ou moçambicano muçulmano que encontrarem, convertam-se ao Islão, e casem-se com ele. Por favor.

Gravado na Rocha

"É incrível que ainda haja quem finja que são os programas e as ideias que decidem os votos. As pessoas votam em pessoas e em partidos e, se e quando coincidem os dois impulsos, maior e mais fácil é a festa." Miguel Esteves Cardoso.

A "democracia" na Escola

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Exemplo de como funciona a "escola inclusiva"

O Profeta Maomé do PCP

Estátua de Lenine em Yakutsk. Deve ser esta a "sombra de Lenine" que o PCP vê na actual Rússia de Putin e Medvedev - terra do capitalismo mais selvagem de que há memória. Realmente cada um vê o mesmo o que quer...

sábado, 10 de janeiro de 2009

Este PSD mete dó

Ver um partido como o PSD votar junto com uma seita de neo-socialistas ignorantes como o BE ou esse apêndice do PCP a que chamam “Os Verdes” a favor da suspensão da avaliação dos professores meteu-me dó. O que é que o PSD ganha em apoiar a manutenção de privilégios de uma classe profissional quando a imensa maioria dos portugueses (e principalmente o eleitorado não socialista, ou seja o do PSD) quer ver os professores avaliados? Votos não é de certeza, porque é a questão da avaliação dos professores que está quase a garantir a revalidação da maioria absoluta pelo PS. Credibilidade muito menos, porque os portugueses se tiverem de escolher entre um governo que pretende terminar com um privilégio injustificado de uma determinada classe profissional como o de não ser avaliado e um partido da oposição que pretende deixar tudo na mesma irão certamente preferir Sócrates e o PS. E o problema é que, se calhar, não estarão a escolher mal.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Os estafetas ocidentais do Hamas

Apesar dos jornalistas ocidentais falarem apenas em “palestinianos” que morrem em Gaza sem diferenciarem baixas civis de baixas militares porque lhes interessa confundir a opinião pública somando combatentes com civis para quadruplicar os números em beneficio da vitimização dos palestinianos, uma vez que apenas ¼ das vítimas são civis, o reduzido número de baixas, para um contexto de guerra, entre os palestinianos não é por culpa dos israelitas, que avisam atempadamente as populações dos ataques que vão efectuar, mas do Hamas.
As crianças que morreram inocentemente neste conflito devem a sua morte ao Hamas que as utiliza não apenas como escudos humanos, mas principalmente como vítimas perfeitas. Nada comove mais os ocidentais do que ver o corpo sem vida de uma criança. O Hamas sabe disso e utiliza, com inteligência e mestria, esse factor para conquistar os corações ingénuos ou ignorantes do Ocidente.
Não é por acaso que os “quartéis” militares dessa seita terrorista (que, sublinhe-se, não reconhece o valor da vida humana) se encontram em mesquitas, escolas e hospitais. Situam-se nestes locais porque não lhes custa mesmo nada sacrificar umas quantas vidas inocentes se isso trouxer como efeito a conquista da opinião pública mundial contra Israel. O que conseguem com a ajuda dos jornalistas ocidentais, que de tão cegos de solidariedade para como “o outro” palestiniano, não percebem que são pateticamente instrumentalizados para os fins duma seita de fanáticos religiosos. Uns ridículos estafetas da “mensagem” do Hamas no Ocidente.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Os palestinianos não são vítimas

Se não for por um sentimento de clubismo primário de esquerda – do género: se os americanos apoiam israelitas então nós apoiamos os palestinianos, porque tudo o que os americanos apoiam é mau – não consigo entender como é que existem pessoas racionais que mugem: “somos todos palestinianos”, em solidariedade com um povo que elege democraticamente uma seita nojenta de terroristas fanáticos religiosos cuja única promessa eleitoral que efectuou em campanha foi “varrer Israel do mapa”. E, depois de ganhar folgadamente as eleições à relativamente moderada, para o contexto muçulmano, Fatha, não tardou em cumprir o seu “programa” de governo.
Então um povo que elege uma merda chamada Hamas unicamente para fazer a guerra deve agora ser entendido como vítima dessa mesma guerra para qual elegeram os seus governantes apenas para a travar?
Os palestinianos não são vítimas. São, isso sim, os principais culpados do que se está a passar na Faixa de Gaza. Se não tivessem eleito o Hamas para fazer esta guerra não a teriam. Agora aguentem com ela. Cada um deita-se na cama que faz.

E como se já não fosse sufientemente mau...

"Na improbabilidade de destruição do Hamas, outro pior emergirá, como a própria história do Médio Oriente ensina." diz Ana Gomes no blogue Causa Nossa (5-1-2009)

O Hamas explicado às crianças: a alienação

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Guerra Israel vs Hamas (citação 3)

«Que política de segurança “mole” seria possível com grupos como o Hamas no contexto do Médio Oriente? E que solução de “protectorado” internacional funcionaria no Médio Oriente que pudesse garantir a segurança de Israel, sem tropas que estivessem prontas para desarmar o Hamas, e os grupos radicais palestinianos, para bloquear a inflitração iraniana para o Hamas e para o Hezbollah, para impedir os esquadrões da morte?»
José Pacheco Pereira no Público (3-1-2009).

domingo, 4 de janeiro de 2009

Guerra Israel vs Hamas (citação 2)

«Porque é que um míssil do Hamas numa escola em Beersheba não faz vítimas e um ataque israelita mata, alegadamente, quinze pessoas numa escola em Gaza? Porque a escola israelita estava vazia e a palestiniana não. Porque Israel destina as escolas ao prosaico ensino e o Hamas transforma-as em arsenais. Porque Israel protege os israelitas e o Hamas usa os palestinianos como um pechisbeque macabro e emocional.»
Alberto Gonçalves no DN (4-1-2009).

Guerra Israel vs Hamas (citação 1)

"Vai haver muita pressão sobre Israel pedindo-lhe contenção. Mas não vai haver nenhuma pressão sobre o Hamas, porque não existe ninguém para os pressionar. Israel é um país; o Hamas é um gangue. Os cálculos do Hamas são simples, cínicos e pérfidos: se morrerem israelitas inocentes, isso é bom; se morrerem palestinianos inocentes, é ainda melhor. Israel deve agir sabiamente contra esta posição e não responder irreflectidamente, no calor da acção".
Amos Oz no DN (4-1-2009).

sábado, 3 de janeiro de 2009

Gravado na Rocha

"A maneira de se conseguir uma boa reputação reside no esforço em se ser aquilo que se deseja parecer." Sócrates.

Vos estis sal terra |

 Vos estis sal terra | "I Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porq...