segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Tomar partido

A categórica ofensiva militar israelita de há um ano na Faixa de Gaza que o mundo (com a ajuda da imprensa) declarou “brutal” e “criminosa” é este ano celebrada como “grande vitória” pelo… Hamas! Supostamente a vítima da brutalidade militar israelita. A imprensa não discorda e transmite este “facto” sem fazer nenhuma alusão significativa do que se passou no conflito. Quando se toma partido é assim.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Uma boa ideia, mas...

António Câmara, professor universitário e gestor da YDreams, numa excelente entrevista concedida ao "Público", sublinha que o futuro da economia portuguesa passa pelo papel das universidades na criação de novas industrias. Uma ideia a reter. Contudo, como pode ser colocada em prática se as universidades portuguesas estão infestadas de professores neosocialistas que consideram o lucro "um roubo", a competitividade, a produtividade e a flexibilidade como "ideias neoliberais ao serviço do capital e dos capitalistas na exploração do homem pelo homem"?
As ideias, por melhor que possam ser, devem ter em conta a realidade...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Agualva (Terceira, 15-12-2009)





"Como homens estamos soldados historicamente ao povo de onde viemos e enraizados pelo habitat a uns montes de lava que soltam da própria entranha uma substância que nos penetra. A geografia, para nós, vale tanto como a história, e não é debalde que as nossas recordações escritas inserem uns cinquenta por cento de relatos de sismos e enchentes. Como as sereias temos uma dupla natureza: somos de carne e pedra. Os nossos olhos mergulham no mar." (Nemésio, 1932)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A diferença de tratamento mediático nos jornais desportivos



Qual foi o acontecimento desportivo mais relevante do dia de ontem?

A fusão de conteúdos no Grupo de Joaquim Oliveira

Descubra as diferenças entre estas notícias publicadas no Diário de Notícias e no Jornal de Notícias sobre a apreciação de Medina Carreira ao programa Novas Oportunidades...
Medina Carreira diz que Novas Oportunidades é "trafulhice"

O antigo ministro das Finanças Medina Carreira arrasou na noite de terça-feira o programa Novas Oportunidades, classificando-o de "trafulhice" e "aldrabice", defendendo um regime educativo exigente como condição para a integração no mercado de trabalho.
Convidado da tertúlia 125 minutos com..., que decorreu no Casino da Figueira da Foz, Medina Carreira disse ainda que a educação em Portugal "é uma miséria" e que as escolas produzem "analfabetos".
"[O programa] Novas Oportunidades é uma trafulhice de A a Z, é uma aldrabice. Eles [os alunos] não sabem nada, nada", argumentou Medina Carreira.
Para o antigo titular da pasta das Finanças a iniciativa dos Ministérios da Educação e do Trabalho e da Solidariedade Social, que visa alargar até ao 12.º ano a formação de jovens e adultos, é "uma mentira" promovida pelo Governo.
"[Os alunos] fazem um papel, entregam ao professor e vão-se embora. E ao fim do ano, entregam-lhe um papel a dizer que têm o nono ano [de escolaridade]. Isto é tudo uma mentira, enquanto formos governados por mentirosos e incompetentes este país não tem solução", acusou.
As críticas de Medina Carreira estenderam-se aos estudantes que saem das escolas "e não sabem coisa nenhuma".
"O que é que vai fazer com esta cambada, de 14, 16, 20 anos que anda por aí à solta? Nada, nenhum patrão capaz vai querer esta tropa-fandanga", frisou.
Defendeu um regime educativo "exigente, onde se aprenda, porque os empresários querem gente que saiba".
Questionado pela jornalista Fátima Campos Ferreira, anfitriã da tertúlia, sobre a avaliação de professores, Medina Carreira classificou-a de "burrice".
"Se você não avalia os alunos, como vai avaliar os professores?", inquiriu.
Admitiu, no entanto, que os professores terão de ser avaliados, desde que exista "disciplina nas aulas, o professor tiver autoridade, programas feitos por gente inteligente e manuais capazes", argumentou, arrancando aplausos da assistência.

http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1442456


Programa Novas Oportunidades é “trafulhice”, diz Medina Carreira

Antigo ministro das Finanças critica o programa Novas Oportunidades. "Enquanto formos governados por mentirosos e incompetentes este país não tem solução", acusou.
Convidado da tertúlia "125 minutos com...", que decorreu no Casino da Figueira da Foz, ontem, terça-feira, Medina Carreira disse ainda que a educação em Portugal "é uma miséria" e que as escolas produzem "analfabetos".
"[O programa] Novas Oportunidades é uma trafulhice de A a Z, é uma aldrabice. Eles [os alunos] não sabem nada, nada", argumentou Medina Carreira.
Para o antigo titular da pasta das Finanças a iniciativa dos Ministérios da Educação e do Trabalho e da Solidariedade Social, que visa alargar até ao 12.º ano a formação de jovens e adultos, é "uma mentira" promovida pelo Governo.
"[Os alunos] fazem um papel, entregam ao professor e vão-se embora. E ao fim do ano, entregam-lhe um papel a dizer que têm o nono ano [de escolaridade]. Isto é tudo uma mentira, enquanto formos governados por mentirosos e incompetentes este país não tem solução", acusou.
As críticas de Medina Carreira estenderam-se aos estudantes que saem das escolas "e não sabem coisa nenhuma".
"O que é que vai fazer com esta cambada, de 14, 16, 20 anos que anda por aí à solta? Nada, nenhum patrão capaz vai querer esta tropa-fandanga", frisou.
Defendeu um regime educativo "exigente, onde se aprenda, porque os empresários querem gente que saiba".
Questionado pela jornalista Fátima Campos Ferreira, anfitriã da tertúlia, sobre a avaliação de professores, Medina Carreira classificou-a de "burrice".
"Se você não avalia os alunos, como vai avaliar os professores?", inquiriu.
Admitiu, no entanto, que os professores terão de ser avaliados, desde que exista "disciplina nas aulas, o professor tiver autoridade, programas feitos por gente inteligente e manuais capazes", argumentou, arrancando aplausos da assistência.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1442460

domingo, 6 de dezembro de 2009

Gravado na Rocha

"Porque é que os portugueses não lêem jornais? A falta de hábito de ler os jornais é muito importante, porque o jornal é a fonte de informação que mais está virada para o raciocínio, o pensamento, a participação. Quem vê televisão está geralmente em posição passiva." António Barreto (I, 28-11-2009)

Mudança de mentalidade...

sábado, 28 de novembro de 2009

Não será do ensino profissional que virão os leitores de amanhã

Com a internet e a possibilidade de aceder e manusear (copy past, entenda-se) a informação disponibilizada sem esforço cognitivo, os formandos de cursos profissionais dos níveis 2 e 3 (terceiro ciclo e secundário) que fazem parte significativa dos seus “trabalhos” (porque no ensino profissional os testes não são bem vindos) segundo estes parâmetros não serão leitores no futuro, porque não manuseiam a informação através da leitura e da escrita. Apenas copiam integralmente os textos pelo sentido dos títulos e subtítulos, também estes copiados. E não percebem que estão apenas a reproduzir e compilar informação alheia. Só conhecem este método de trabalho que lhes dispensa e leitura e até a escrita, ambas com expressões aterradoras nos escassos momentos em que se fazem sentir. Desde o seu reinício nos anos 90, o ensino profissional foi encarado como “diferente” do ensino regular. Só que por “diferente” entendeu-se “mais fácil”. Esse facilitismo reflectiu-se, desde sempre, na ausência de métodos cognitivos, como a leitura e a escrita, nas acções de formação. O que a internet vem agora facilitar uma vez que fornece a informação “pronta”, ou seja, já não é necessário ler nem escrever para “fazer” um “trabalho”. Uma coisa é certa: não será do ensino profissional português que virão os leitores de amanhã.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Gravado na Rocha

"A corrupção é um fenómeno de sociedades tribais, com grandes abismos de classe, ou uma patologia de meios de falta de civismo, ou o fruto de uma abundância súbita, aliada ao declínio de valores morais." Nuno Rogério (Sábado, 26/11/2009).

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Uma ideia de jerico para Portugal

O cartunista do Expresso Rodrigo de Matos foi o congratulado de hoje pelo I com a coluna “Uma ideia para Portugal”. Diz o cartunista que é necessário “proceder a uma verdadeira reforma na educação”. Brilhante raciocínio. E até sugere como: “substituir um ensino paleolítico e enfadonho por um outro mais atractivo, que desperte nos alunos o gosto por aprender.” Embora não especifique, é de presumir que esta atractividade do ensino passe pela abolição do português (com o aniquilamento das enfadonhas leituras daqueles enfadonhos manuais paleolíticos) e da matemática (findando com as enfadonhas equações) e das outras disciplinas enfadonhas todas. Assim, teríamos o ensino “atractivo” feito à medida do Rodrigo de Matos. O jornal que lhe paga o ordenado através de leitores formados pelo ensino paleolítico é que é capaz de não gostar quando tiver de encerrar as portas e deixar o cartunista desempregado por falta de novos leitores, coisa que o “ensino” actual já não produz e que de certeza o “ensino mais atractivo” do cartunista também não produzirá.

domingo, 4 de outubro de 2009

A Obsessão do Fogo

“A Obsessão do Fogo” é uma obra que resulta de um diálogo aberto entre dois dos maiores pensadores, romancistas e bibliófilos da actualidade: Umberto Eco e Jean-Claude Carrière. Não se trata de uma obra literária ou de um ensaio, mas da transcrição de uma conversa informal a dois, realizada em Paris e mediada por Jean-Philippe de Tonnac, sobre livros. Ou seja é um livro que nos fala sobre o livro. Suporte que nas palavras de Eco “é como a colher, o martelo, a roda ou o cinzel. Uma vez inventados, não se pode fazer melhor.” (p. 20).
Num diálogo erudito, fascinante e enriquecedor, Eco e Carrière descrevem a trajectória dos vários suportes do conhecimento nos últimos dois mil anos de história. Ambos os pensadores começam o seu diálogo concordando que o livro não morrerá suplantado pelo e-book. Debatem sobre o porquê de alguns livros chegarem até nós e outros não. E porque são alguns livros e autores esquecidos e outros não. Do mesmo modo que se debruçam sobre as motivações que levaram à censura e à destruição do livro enquanto suporte do saber, desde a damnation memoriae no Império Romano passando pelas purgas literárias da inquisição, do nazismo e do comunismo.
A importância do saber e o prazer de coleccionar e viver rodeado por livros são também abordados neste extraordinário diálogo assim como o que fazer dessas colecções, construções de uma vida, após o desaparecimento dos coleccionadores. Além do medo de se verem privados destas frutuosas bibliotecas particulares ainda durante a vida, especialmente se destruídas por um incêndio do que resulta o título do livro: “A Obsessão do Fogo”. Todos os amantes da leitura, do saber, do conhecimento, da cultura e do livro encontram nesta obra ingredientes suficientes para uma enriquecedora e deliciosa leitura.
Nota negativa para a capa, onde o nome de Jean-Claude Carrière aparece como se de um autor secundário se tratasse, quando na realidade é Carrière quem tem uma maior preponderância durante todo o diálogo. O oportunismo publicitário da editora Difel no destaque do nome de Umberto Eco (que chega a ser superior ao próprio título do livro) é lamentável e injusto. Eco vende certamente mais do que Carrière, mas será que a colocação do nome dos dois autores num plano semelhante se traduzira em menores vendas? Como diria o Herman, não havia necessidade…

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Paulo Portas venceu Liga Vitalis a Francisco Louçã

Na Liga Vitalis destas eleições haviam dois concorrentes, Paulo Portas e Francisco Louçã, mas houve apenas um vencedor: Paulo Portas. O CDS atingiu os dois dígitos percentuais e as duas dezenas de deputados graças à sua eficaz oposição parlamentar e à recorrente defesa durante a campanha de temas caros ao eleitorado como a segurança e, sobretudo, os abusos do “rendimento mínimo”. Francisco Louçã bem se pode gabar de ter duplicado o número dos deputados do Bloco, mas não atingiu os dois dígitos percentuais nem as duas dezenas de deputados que esperava conseguir. O Bloco ficou em quarto lugar, atrás do CDS, o que tanto deve ter doído a Louçã. De nada lhe valeu a simpatia da comunicação social (que sem pudor adora o Bloco e odeia o CDS) nem as favoráveis dinâmicas de votos criadas pelas empresas de sondagens que de eleição a eleição insistem em dar ao BE votações muito mais altas do que aquelas que conseguem obter nas urnas. Também no “voto urbano”, que os comentadores gostam de associar ao Bloco por entenderem este voto como “mais inteligente” do que o rural, foi em maior número para o CDS e não para o Bloco. Paulo Portas superou Francisco Louçã nas três principais áreas urbanas do país: Lisboa, Porto e Braga. Que fique registado que os “inteligentes” eleitores urbanos preferiram o CDS ao Bloco. O discurso de Louçã foi um inequívoco discurso de derrotado destilando ódio e frustração sobre a ministra da Educação e, claro, sobre as "grandes fortunas". Louçã tinha a certeza que seria a terceira força política, mas foi a quarta com menos cinco deputados do que CDS e com apenas mais um do que a CDU. Louçã também perdeu a chave da governação. Os 16 deputados bloquistas não servem para nada, especialmente para uma coligação com o PS como pretendia Louçã e os bloquistas. O Bloco de Esquerda viu o eleitorado fracassar todos os seus objectivos e foi um dos partidos derrotados da noite eleitoral tendo em conta as expectativas que tinha à partida para estas eleições. E o seu potencial de crescimento começa a revelar os seus limites. Graças a Deus.

Legislativas 2009 (totais nacionais)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O calcanhar de Louçã

Francisco Louçã acredita que um dia fará do Bloco a força política mais representativa da esquerda portuguesa, substituindo o PS. Louçã também acredita que o Bloco será um dia o vencedor de umas eleições legislativas, conseguindo, desse modo, o maior feito da extrema-esquerda nas democracias ocidentais.
Acredito na sinceridade de Francisco Louçã quando afirma não querer coligar-se com José Sócrates depois das eleições de 27 de Setembro. Contudo, se o PS não conseguir a maioria absoluta e pretender uma coligação com o Bloco provavelmente não restará outra solução a Louçã que não seja a de se coligar com os socialistas e assim formar o único governo da UE que conta com a presença da esquerda radical.
A razão pela qual não resta outra solução senão a coligação pós-eleitoral a Louçã é que o Bloco já começa a ter uma clientela que necessita de ser alimentada. Os militantes do Bloco são funcionários públicos, jovens e adultos frustrados sem emprego ou com emprego precário, além do tipo de gente sem valor nem sucesso que necessita desesperadamente do Estado para obter um lugar na mesa da classe média nacional. Havendo uma possibilidade de coligação, isto é, a atribuição de uns três ou quatro ministérios (com os respectivos institutos, delegações regionais, etc.) ao Bloco, a pressão dessa gente será tal que Louçã será, contra a sua vontade, obrigado a se coligar com Sócrates.
Trata-se de muitos tachos públicos. Uma oportunidade que, para essa gente, poderá ser a única de uma vida e que portanto não a pode desperdiçar sob nenhum pretexto, sobretudo moral. E Louçã, no alto da sua superioridade moral, terá que ceder às pretensões da sua faminta clientela. Caso contrário, tal como Aquiles foi derrubado depois de alvejado no seu calcanhar pelo incapaz príncipe Paris, também Louçã será derrubado pelos incapazes dos seus militantes caso lhes recuse o acesso a cargos públicos que tanto anseiam. O “coordenador” do BE, inteligente como é, depressa vai perceber o fascínio que o dinheiro exerce sobre as pessoas de esquerda.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Livros do Corisco: "Obsessão Antiamericana" (JF Revel)

Jean-Francois Revel nesta obra extraordinária, escrita em 2002 mas perfeitamente actualizada e sempre pertinente, desmascara de forma cabal e fundamentada a "cultura" do antiamericanismo, criada e difundida sobretudo pela esquerda, que continua a fazer eco generalizado entre os europeus médios. Como diria Umberto Eco, JF Revel ensina deliciando. Fiquem com esta citação:
«Maculada pela sua participação nos genocídios comunistas, ou pela indulgência cúmplice que demonstrou a esse respeito, a esquerda precisa de inventar constantemente ameaças fascistas arrancadas aos museus da história. E, além de mais, trata de impor uma versão dessa mesma história, segundo a qual o único totalitarismo que existiu no século XX foi o nazismo e, de um modo mais geral, o fascismo sob todas as suas formas. Dai o martelar incessante de Hitler, do Holocausto, de Mussolini, de Vichy, enquanto que a crónica dos crimes do comunismo, que para mas se prolongaram bem para além de 1945, até aos nossos dias, é sempre objecto de uma censura vigilante.» In "Obsessão Antiamericana" (Bertrand, 2002), p. 193.

sábado, 27 de junho de 2009

A democracia da hipocrisia

O Presidente da República decidiu, contra o PSD, marcar as eleições legislativas para 27 de Setembro. Justificando a decisão com o facto de "não poder ficar indiferente ao apelo da maioria dos partidos", i.e., todos menos o PSD. Que fique sublinhado junto daqueles que têm memória selectiva ou parca inteligência que o primeiro presidente de Direita desde o 25 de Abril decidiu contra o grande partido de centro-direita português, fazendo um frete ao PS, ao resistente CDS, e à extrema-esquerda anti-liberal, inimiga da liberdade e do sucesso individual, que a ignorância e a inveja indígena possibilitam a existência, ou seja, os execráveis PCP e Bloco.
Esta decisão de Cavaco Silva é hipócrita e incoerente para quem está permanentemente obcecado com a abstenção e com os gastos desnecessários em tempos de crise. Mas responde à vontade da maioria dos apelos hipócritas feitos por todos os partidos, sem excepção. O PSD queria a data de 11 de Outubro (data das eleições autárquicas) na esperança de que a sobreposição dos actos eleitorais o beneficiasse nas legislativas, uma vez que está seguro de uma boa votação no poder local. Os outros partidos, com algumas variantes, pensam exactamente o mesmo, por isso quiseram actos eleitorais em datas distintas. Muito bem. Os portugueses com capacidade raciocínio ficaram a saber que todos os partidos acham que os eleitores são estúpidos, passíveis de confundirem eleições autárquicas com legislativas. E, entre toda esta hipocrisia, o Presidente decidiu a favor da maioria dos hipócritas. É a democracia da hipocrisia no seu melhor.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Com exemplos destes o liberalismo fica na gaveta

De acordo com o "Público" vários hospitais privados - como o Hospital da Luz (Lisboa), o Hospital da Arrábida (Gaia) ou a Clínica da CUF (Lisboa) - deixam os utentes da ADSE em lista de espera durante vários meses para uma simples consulta de ortopedia ou oftamologia apesar de estarem convecionados com o Estado. Mas, em contrapartida, continuam a prestar excelentes serviços aos "clientes" (os que pagam directamente e na hora). Com exemplos destes vindos do sector privado é normal que os portugueses continuem a querer cada vez mais serviços públicos. E é por isso que o prof. André Freire diz que as ideias "liberais" não colhem muita simpatia junto da população. Pois não colhem. E com exemplos como estes vindos do privado é que não virão a colher de certeza absoluta. A ideia subjacente à lógica dos serviços privados é melhorar os serviços que o Estado disponibiliza, e não copiar o pior que o "monstro" já nos oferece. E assim fica o liberalismo na gaveta. Como sempre.

Estátua de Dom Afonso (Chaves)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Revolução verde no Irão, sim o ocidente consegue

O Ocidente já elegeu o "seu" presidente da República Islâmica do Irão: o candidato derrotado Hossein Moussavi. Também já arranjou uma cor para a "sua" revolução pacífica daquela tenebrosa teocracia: o verde, cor da campanha do candidato derrotado. Mas eu, sempre muito céptico em relação a tudo o que seja considerações ocidentais sobre muçulmanos, tenho sérias reservas se realmente Mahmoud Ahmadinejad (que não é de plástico) não venceu com legitimidade aquilo que se convencionou chamar "eleições". Fraude? Talvez, mas pouco. A diferença (11 milhões de votos!) entre as votações dos dois candidatos foi bastante superior à diferença dos seus "programas" políticos - nenhuma. Aliás, a única dissemelhança que os jornalistas ocidentais conseguiram encontrar entre os candidatos foi que Moussavi "fez campanha acompanhado pela esposa" (que progressista...) e, por isso, "obrigou" Ahmadinejad a "fazer campanha acompanhado pela esposa". Que grande revolução... Os candidatos são ambos fanáticos religiosos. As "eleições" não têm valor nenhum, não contam para nada, nem nada esteve em jogo - o Irão é uma teocracia dominada pelos aiatolas. Quanto à "revolução" só na cabeça dos ocidentais. O Irão é o que é, e os iranianos são o que são, não aquilo que nós gostávamos que eles fossem.

É de plástico sim senhor

A entrevista de José Sócrates ao programa Dia D, na SIC-N, revelou cabalmente que o homem é mesmo de plástico. Tanta calma e candura vinda de quem vem só mesmo para enganar os tolos - até já admitiu ter errado - "um ou dois erros", segundo o próprio. Sempre preferi quem é aquilo que é, e não quem quer parecer aquilo que não é. E este tipo de plasticidade, em política, não augura nada de bom, especialmente no que respeita à credibilidade.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Se é para a desgraça é para a desgraça

Os super produtivos funcionários públicos portugueses reconhecidos internacionalmente pela eficácia de procedimentos e pelo fino trato com que atendem os portugueses em qualquer serviço público (repartições de finanças, segurança social, hospitais, etc.) vão, pelo seu extraordinário desempenho profissional, ver os seus vencimentos aumentados em 3,2% - o segundo maior aumento da Europa, depois da Espanha. Crise? Só se for no sector privado. Afinal, José Sócrates não se intimidou com o pormenor da inflação ser, em 2009, de 2,5%. Se é para a desgraça é para desgraça, como se diz nos Açores. Pois é, digo eu. Mas quem paga esse aumento? Os contribuintes que trabalham no sector privado, evidentemente.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Planeta Ronaldo não é do PCP nem do BE

Os partidos extrema-esquerda que apontam a crise como: "o resultado da falência do modelo capitalista" devem estar com dificuldades para perceber como é que o Ronaldo acaba de ser transferido do Manchester para o Real por 94 milhões de euros quando, segundo eles, o modelo capitalista ruiu. Mas, como o futebol meche com muitos sentimentos vão ficar bem calados. O populismo isso aconselha. Notem que apesar dos três maiores clubes portugueses estarem atolados até ao pescoço com dívidas, da extrema-esquerda não sai uma crítica que seja. Porque é que o dr. Louçã não critica a gestão dos clubes ou os gastos desmesurados que estes fazem com contratações ano após ano? Afinal tudo isto é capitalismo...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Igrejas Laicas

Muitas faculdades públicas são uma espécie de seitas de extrema-esquerda pagas pelos contribuintes. Gente que se atola dentro do Estado e, lá dentro, berra por ainda mais Estado. Ou seja, mais lugares para as pessoas de esquerda nas universidades do Estado - como professores e investigadores . Tem piada que no sector privado são muito raras as pessoas bem sucedidas profissionalmente que se digam de esquerda. Mas, em contrapartida, conheço faculdades públicas em que 100% dos professores são de extrema-esquerda. Faculdades de ciências sociais e de ciências da educação. Os tais sociólogos que quando trabalham em sondagens descobrem enormes vitórias da esquerda, assim criando dinâmicas de voto favoráveis à "mudança social", ou educadores que alertam que a avaliação dos alunos e dos professores é "uma forma de exclusão, a exclusão pelo mérito". Igrejas laicas, pagas pelos contribuintes, que servem unicamente para doutrinam os ignorantes analfabetos, que a "escola pública" produz em massa, com o mesmo zelo que os jesuítas doutrinavam os "bons-selvagens" em África ou nas Américas. Estas seitas, aliás, não admitem nenhuma influência da Igreja Católica na sociedade. A concorrência nunca foi uma virtude para a esquerda.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sondagens e sondadores

As previsões das sondagens com estas eleições passaram a ter uma credibilidade inferior às previsões de astrologia da Maya. Mas, não deixa de ser curioso que apesar de as sondagens se enganarem redondamente, enganaram-se sempre num mesmo sentido: prejudicando a direita. Só um estudo deu a vitória ao PSD e mesmo esse dentro da margem de erro quando afinal se verificou que a vitória social-democrata até foi bem clara (5% de diferença) sobre PS - o grande vencedor das sondagens. O CDS devia de ter desaparecido enquanto partido, mas elegeu tantos eurodeputados como a CDU e só teve menos dois pontos percentuais do que o Bloco de Esquerda, partido que as sondagens chegaram a dar quase sempre mais do que o resultado obtido nas urnas. Talvez fosse positivo, a nível de transparência, saber as orientações ideológicas dos sondadores. É que podia ser útil para tentar perceber este mistério das sondagens sempre favoráveis a criar dinâmicas de voto que favorecem, sem excepção, a esquerda.

A grande vitória da direita explicada com um desenho

Celebrar a derrota socialista com calma

Que houve uma clara intenção de punir José Sócrates nestas eleições é inegável. Se foi punido por aumentar desmesuradamente os "beneficiários" do "vale" do RSI, do aumento do tempo do subsídio de desemprego, pelas reformas que devia ter feito e não fez, ou da peregrina proposta do "casamento homossexual" ainda compreendo. Mas se foi derrotado pela firmeza que teve no combate aos interesses das corporações da função pública (professores, polícias, médicos) é que já não compreendo. O problema é que não tenho a certeza do verdadeiro motivo da punição. E temo que a punição do primeiro-ministro não tenha sido pelas razões que merecia. E ao contrário de muita gente não sei até que ponto deve ser celebrada esta derrota do PS. É que se José Sócrates foi derrotado pelas reformas (mesmo que tímidas) que efectuou estamos perante um péssimo sinal - Portugal é irreformável e a caminho de se tornar ingovernável.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O filtro da democracia

Aquilo que mais magoa uma pessoa arrogante é o fracasso pessoal por culpa própria. Vital Moreira é arrogante e é o rosto do maior desaire eleitoral do PS desde 1987. E do terceiro pior resultado dos socialistas portugueses desde a sua fundação. Por isso, imagino que não esteja a ser fácil ao Professor Doutor de Coimbra digerir tamanho fracasso pessoal. A Democracia é um extraordinário filtro qualitativo. Tanto pode revelar políticos talentosos como Paulo Rangel como destruir aspirações patéticas de gente sem talento nem grandeza como Vital Moireira que não acrescentam nada à política. Obrigado, eleitores.

Os europeus confiam na Direita

Tendo em conta a esmagadora vitória da Direita nestas eleições europeias é legítimo concluir que os europeus não entendem que foram as "políticas de direita" as responsáveis pela crise. A imensidão da vitória permite ainda a conclusão de que os europeus consideram que são os governos de direita que melhor podem responder à crise. Não os de Esquerda. Nos maiores países europeus os governos de direita em funções (na Itália, França e na Alemanha) foram recompensados pelos eleitores. Enquanto os governos de esquerda (em Inglaterra e Espanha) foram punidos. O que é bastante esclarecedor sobre a confiança dos eleitores em momentos de crise.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A onda da "suspensão"

Paulo Rangel acabou por se revelar uma excelente escolha da Manuela Ferreira Leite para encabeçar a lista do PSD às eleições europeias. A prova disso está no baixar do nível de Vital Moreira e no medo deste em fazer um último debate, numa tentativa desesperada de manter os seus míseros 2% de vantagem nas sondagens.
Contudo, meteu o pé na poça pelo menos duas vezes. A primeira quando, em entrevista ao i, se declarou "federalista" e a segunda agora, em Braga, quando juntou a sua voz ao coro de professores desesperados em não ser avaliados pedindo a "suspensão" da avaliação do desempenho docente. É, para mim, uma pena enorme ver o cabeça-de-lista dum partido reformista deixar-se enredar pelos interesses de uma classe profissional unicamente para alcançar alguns votos. Os professores não aceitam nem nunca vão aceitar nenhum modelo de avaliação do seu desempenho profissional. Por isso não propõem nenhum modelo de avaliação alternativo ao do Governo e apenas apelam à "suspensão" deste porque, manhosos, esperam que a iniciativa caia no esquecimento. Mais nada. E Paulo Rangel, também manhoso, deixou-se levar na onda da "suspensão". É triste, mas aconteceu.

sábado, 30 de maio de 2009

Café Guadiana em Mértola

Palavras do Corisco (3)

«Bem sei que o keynesianismo está na moda e que ninguém quer ouvir falar de um Estado mínimo. Pouco me importa. Continuo absolutamente convencido de que a forma mais eficaz de reduzir o abuso de poder por parte dos nossos governantes (i.e. a eficácia das tais "pressões") é reduzir o tamanho do Estado. Ninguém pode impedir que um qualquer primeiro-ministro acorde de manhã, se olhe ao espelho e, qual Luís XIV, diga baixinho: "L'État c'est moi." Pois que seja. Desde que seja pequenininho.» Pedro Norton (Visão, 21-5-2009).

«Ao contrário do que se tem dito e escrito, a crise que estamos a atravessar é uma crise não de retrocesso mas de crescimento do capitalismo. Esta crise não vai ‘disciplinar’ o capitalismo, nem é o canto do cisne do neo-liberalismo, como alguns pretendem. Esta crise não vai melhorar a regulação nem aumentar o controlo do Estado sobre as empresas. O que vai suceder é precisamente o oposto: a regulação vai diminuir e o controlo dos Estados vai ser menor.» José António Saraiva (Sol, 22-5-2009).

«A pobreza dos debates, a inconsistência das propostas, o cansaço dos eleitores não são elementos novos que decorrem do período eleitoral: são, antes de mais, o espelho de uma forma de fazer política que se cristalizou entre nós. A campanha que agora se inicia limita-se a confirmar esse lamentável estado de coisas. Não se discute a Europa apenas por oportunismo político ou porque se quer adulterar o sentido destas eleições, mas sim porque a Europa há muito que se afastou de nós, porque, esgotados os fundos que não soubemos aproveitar, é um mundo do qual deixámos de fazer parte, um conceito vago que serve apenas para aferir da mediocridade nacional: dos maus resultados na Educação, das deficiências estruturais da Economia, do estado em que se encontra a Justiça ou da impunidade que reina nos mais variados sectores.» Constança Cunha e Sá (Correio da Manhã, 26-5-2009)

«Um pedido ao primeiro-ministro: não saia mais pela porta das traseiras. Quando for apenas um cidadão, saia como quiser e por onde quiser. Enquanto for primeiro-ministro, coisa que eu espero ansiosamente que finde, saia pela porta da frente. Ao menos isso. Não envergonhe a democracia.» Helena Matos (Público, 28-5-2009)

«Perante a falência possível do Estado acusador algo terá de ser feito, e, embora a solução comporte riscos de justicialismo, é de encarar a hipótese de o Procurador-Geral da República passar a ser eleito directamente pelos cidadãos. Isso traria maior legitimidade, autonomia e unidade à acção da PGR.» José Medeiros Ferreira (Correio da Manhã, 30-5-2009)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A ideologia dos TPCs

Está aberto um debate sobre se as crianças devem ou não fazer trabalhos de casa depois da escola - os TPCs. Os pedagogos, claro, acham que o coisa "destrói" a vida aos petizes que não podem brincar "nos jardins" nem passear "nos parques" - como se estas não ficassem horas seguidas a ver televisão, a jogar computador ou a ver boçalidades na net. Mas do que se trata é de um problema ideológico. A esquerda que entende o trabalho como uma coisa má que "destrói" a vida das pessoas e que procura construir uma sociedade socialista a partir da escola (por isso ninguém deve reprovar, porque somos todos "iguais") não quer os TPCs porque estes beneficiam as crianças filhas de pais "letrados" que obrigam os filhos a fazer os trabalhos muitas vezes sobre supervisão parental, enquanto que os pais "desfavorecidos" estão nas tintas para os TPCs deliciados que andam a assistir as telenovelas da SIC e da TVI ou a beber o tradicional "copo" no café mesmo ao lado de casa. Por isso, urge terminar com essa coisa "nefasta" para as crianças. A ideia por detrás desta "salvação" das vidas das crianças é de que os pais com mais estudos não possam trabalhar os filhos de modo a que estes obtenham sucesso nas suas vidas, em nome da "igualdade". Já que os pais "desfavorecidos" não têm esse tipo de preocupações, é necessário impedir que os pais que se preocupam com os filhos acompanhem o seu progresso escolar através dos TPCs. A treta de "aliviar" as crianças é só a retórica para iludir os pais parvos. Mais nada. E assim se vai construindo uma medíocre sociedade socialista, sem esforço nem trabalho, feita mesmo à medida das pessoas de esquerda.

domingo, 24 de maio de 2009

Quando a cegueira ideológica se chama “independência”

Hoje, terminou um programa de análise política no Rádio Clube Português cuja “estrela” era um comentador chamado Artur Pereira. A coisa entristeceu inúmeros ouvintes e levou mesmo às lágrimas alguns outros. Nunca fui ouvinte assíduo do mesmo, exactamente pelo motivo oposto aos que agora choram pelo seu encerramento: detestava o comentador pelo seu uso sem pudor de um populismo parolo e primário de esquerda.

Na despedida, o próprio Artur Pereira elogiou-se a si mesmo pela “independência” da sua análise política frisando que: “sempre combateu a Direita [PSD e CDS] e a falsa Esquerda [PS]” por ser um comentador “independente” como “muito poucos”. Pelos vistos, o critério de “independência” não se aplica ao alinhamento partidário com partidos como o Bloco ou o PC, nem ideológico com doutrinas totalitárias de extrema-esquerda. Isso porque a cegueira ideológica desses tarados de extrema-esquerda chama-se “independência”.

sábado, 23 de maio de 2009

Palavras do Corisco (2)

«A caridade não é a missão do Estado. A missão de Estado é garantir a nossa segurança, sem mas, nem ambiguidades. É inaceitável que tal se diga como explicação, argumento, desculpa, hesitação, em vez de dizer-se claramente que os pobres não fazem carjacking, não se armam com uma caçadeira e não vão assaltar bancos, bombas de gasolina, ourives e ourivesarias, e caixas multibanco, para comprar roupa de marca.» José Pacheco Pereira (Público, 17-5-2009).

«Os defensores das quotas, os mais agressivos e agressivas, têm a mania de insinuar que os críticos das quotas são "machistas". E, aliás, este debate é dominado pelo medo que as pessoas têm de ser apelidas de "machistas" (ou de "parvas", quando se trata de mulheres que criticam, e bem, as quotas). É um pouco como noutros debates. Se criticas o islamismo, és "racista". Se criticas o rendimento mínimo, és "insensível". São ainda os efeitos do velho esquema do Comintern: se criticas o comunismo, és "fascista"». Henrique Raposo (Clube das Repúblicas Mortas, 19-5-2009).

«A grande esperança da renovação da esquerda em Portugal vem dum recém-nascido com 73 anos, Manuel Alegre de seu nome.» Helena Matos (Blasfémias, 21-5-2009).

«Numa atitude surpreendente, Cavaco Silva veio dizer que os números de desemprego do INE de finais de 2008 estão mal avaliados. Doravante, não devemos confiar em estatísticas do Instituto Nacional de Estatística. Pois se nem o PR acredita, porque deveríamos nós confiar?» Paulo Morais (Blasfémias, 21-5-2009).

«Saudosismo é doença. Não sou saudosista. Sempre tendo a achar que vivo melhor agora do que antes. De facto, vivo melhor agora do que antes. Jorge Luís Borges estava certo: era um conservador na medida em que queria conservar as coisas boas e descartar as ruins.» Bruno Garschagen (União de Facto, 21-5-2009).

«O "neoliberalismo" tornou-se um chavão, uma muleta do discurso anti-capitalismo e anti-economia de mercado popularizado em Portugal sobretudo pelos partidos à esquerda do PS.» Paulo Pinto Mascarenhas (ABC do PPM, 22-5-2009).

terça-feira, 19 de maio de 2009

Pobre sim, mas com vergonha?

De acordo com o DN de ontem, há quase mais 33 mil pessoas a receber o Rendimento Social de Inserção (RSI). O que eleva para 367702 o número de pessoas a viver à custa do Estado – o monstro assistencialista que cresce sem cessar sempre que um governo do socialista se encontra no poder.
Durante toda a minha vida só uma vez vivi à custa de subsídios estatais: durante 6 meses em que frequentei uma especialização em Marketing Turístico para recém-licenciados desempregados. Foi o pior tempo da minha vida. A vergonha desmoralizava-me de tal maneira que a coisa acabou num tratamento psiquiátrico. Superei a vergonha e, com muito trabalho e sem cunhas, tenho um emprego relativamente compatível com o meu nível académico e profissional. Mas aqueles tempos ainda me causam arrepios na espinha…
Agora, quando me deparo com esses números de beneficiários do RSI, pergunto-me se essas pessoas não sentem um mínimo de vergonha e frustração pessoal por receberem essa esmola do Estado. Como é que se consegue viver a assistir, muitas vezes no sofá, aos outros a lutarem pela vida sem fazer nada além de parir filhos uns atrás dos outros, seguir telenovelas umas a seguir às outras, ou passar horas intermináveis no café a contemplar o nada.
Contudo, não me parece que muitos (senão mesmo a maioria) destes “pobres” tenham um pingo de vergonha. É que para se ter vergonha é preciso ter valores e muita dessa gente não reconhece nenhum valor que não seja o valor do dinheiro. Aliás, viver à pala do RSI tornou-se um modo de vida. Assisti na TVI a uma “pobre” que, confrontada por uma jornalista sobre se estava acomodada ao rendimento, responde enfezada que: “se tenho quatro filhos só posso arranjar um emprego das 10h. às 16h., por isso não arranjo porque tenho de ir buscá-los à escola!” Elucidativo sintoma de uma sociedade que se encontra doente pela assistência sem pudor oferecida por um Estado neo-socialista que explora os trabalhadores para sustentar os malandros em nome duma patética “solidariedade”. Eu, no que me toca (e toca bastante), tenho de sobra aquilo que lhes falta a eles: vergonha, isto é, vergonha de viver num país junto de gente como essa.

sábado, 16 de maio de 2009

Palavras do Corisco (1)

«A culpa [pelos incidentes na Bela Vista] é do Estado: ao enxotar os mais pobres para guetos imundos, longe dos centros de “socialização”, e ao sustentar vidas de indolência e irresponsabilidade familiar, o Estado apenas criou o monstro que agora se volta contra ele. A Bela Vista é um problema de pobreza, sim, mas de pobreza moral, ou até espiritual, promovida pelo paternalismo abjecto do Estado.»
João Pereira Coutinho (Correio da Manhã, 15-5-2009)

«A esquerda poderá dar ao PS menos trabalho do que o previsto. Não por acaso, Alegre prepara-se para regressar à família. Com a ressurgência da direita, aumentou para os eleitores de esquerda o risco de, votando PCP ou BE, ajudarem a pôr o PSD à frente e assim liquidarem de vez a hipótese de uma "política de esquerda"»
Rui Ramos (Correio da Manhã, 15-5-2009)

«A diferença ganhadora do FC Porto também se distingue na desafinação dos seus adversários. Os clubes da 2ª Circular, generosamente ainda chamados “grandes”, há muito que jogam noutro campeonato. Moram num Mundo de quimeras onde a paisagem é feita de fantasia justicialista, temperada de amarguras ressabiadas e com uma confrangedora desarrumação estratégica. Sem rivais à altura, a Liga indígena já só serve para o Campeão treinar para a Champions.»
Carlos Abreu Amorim (Correio da Manhã, 11-5-2009)

«Posso obviamente estar errado, mas há muito tempo que se adivinha a estratégia de Manuel Alegre. Numa primeira fase, fazer a oposição interna a José Sócrates para conquistar a simpatia da restante esquerda, sem no entanto nunca criar grandes dificuldades à governação socialista. Depois, fazer as pazes com a liderança do PS e conquistar um número abrangente de apoiantes na lista de deputados para as eleições legislativas. Finalmente aparecer em 2011 com o apoio de toda a esquerda nas presidenciais contra Cavaco Silva.»
Nuno Gouveia (31 da Armada, 14-5-2009)

«A partir de Outubro, a democracia portuguesa vai ter resultados eleitorais que a forçarão à procura de uma regeneração que nos livre da demagogia eleitoralista de leis feitas à pressa, onde tanto se procura a criminalização do enriquecimento ilícito, como, no dia seguinte, se permite a imagem do deboche no financiamento partidário.»
José Adelino Maltez (Sobre o tempo que passa, 14-5-2009)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Gravado na Rocha

"Necessitamos de um grande conhecimento só para nos apercebermos da enormidade da nossa ignorância." Thomas Sowell.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

"Viva a Água" - Bocage‏

«Meus senhores eu sou a água

que lava a cara, que lava os olhos

que lava a rata e os entrefolhos

que lava a nabiça e os agriões

que lava a piça e os colhões

que lava as damas e o que está vago

pois lava as mamas e por onde cago.


Meus senhores aqui está a água

que rega a salsa e o rabanete

que lava a língua a quem faz minete

que lava o chibo mesmo da rasca

tira o cheiro a bacalhau da lasca

que bebe o homem que bebe o cão

que lava a cona e o berbigão


Meus senhores aqui está a água

que lava os olhos e os grelinhos

que lava a cona e os paninhos

que lava o sangue das grandes lutas

que lava sérias e lava putas

apaga o lume e o borralho

e que lava as guelras ao caralho


Meus senhores aqui está a água

que rega as rosas e os manjericos

que lava o bidé, lava penicos

tira mau cheiro das algibeiras

dá de beber às fressureiras

lava a tromba a qualquer fantoche e

lava a boca depois de um broche.»


Bocage

sábado, 9 de maio de 2009

Miradouro de Santa Iria (2)

Miradouro de Santa Iria (1)

Do Desejo (H. Hilst)

«Se eu disser que vi um pássaro
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade,
em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofomanias, adornos
Impudência, pejo.
E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo.
Por que não posso
Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora
E tudo isso em nós que se fará disforme?»


Hilda Hilst (Do Desejo, 1992)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A conspiração barata do Bloco Central

Essa treta estúpida da recriação de um Bloco Central (entre PS e PSD) levada a cabo por jornalistas pretensiosos só tem um objectivo: fazer de Francisco Louçã o líder da oposição. O que por si só justifica que nunca se faça tamanha estupidez.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vos estis sal terra |

 Vos estis sal terra | "I Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porq...