O Presidente da República decidiu, contra o PSD, marcar as eleições legislativas para 27 de Setembro. Justificando a decisão com o facto de "não poder ficar indiferente ao apelo da maioria dos partidos", i.e., todos menos o PSD. Que fique sublinhado junto daqueles que têm memória selectiva ou parca inteligência que o primeiro presidente de Direita desde o 25 de Abril decidiu contra o grande partido de centro-direita português, fazendo um frete ao PS, ao resistente CDS, e à extrema-esquerda anti-liberal, inimiga da liberdade e do sucesso individual, que a ignorância e a inveja indígena possibilitam a existência, ou seja, os execráveis PCP e Bloco.
Esta decisão de Cavaco Silva é hipócrita e incoerente para quem está permanentemente obcecado com a abstenção e com os gastos desnecessários em tempos de crise. Mas responde à vontade da maioria dos apelos hipócritas feitos por todos os partidos, sem excepção. O PSD queria a data de 11 de Outubro (data das eleições autárquicas) na esperança de que a sobreposição dos actos eleitorais o beneficiasse nas legislativas, uma vez que está seguro de uma boa votação no poder local. Os outros partidos, com algumas variantes, pensam exactamente o mesmo, por isso quiseram actos eleitorais em datas distintas. Muito bem. Os portugueses com capacidade raciocínio ficaram a saber que todos os partidos acham que os eleitores são estúpidos, passíveis de confundirem eleições autárquicas com legislativas. E, entre toda esta hipocrisia, o Presidente decidiu a favor da maioria dos hipócritas. É a democracia da hipocrisia no seu melhor.
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