sábado, 24 de julho de 2010

Mudar

O Espelho do Corisco vai dar lugar a um novo blogue, deste vez temático. Encerra assim esta experiência na blogosfera. Enormes afazeres profissionais combinados com a pouca vontade de manter um blogue desta índole sozinho ditam a suspensão definitiva deste blogue que entretanto fica activo até serem salvaguardados os seus conteúdos. Um até breve em novo endereço.

domingo, 20 de junho de 2010

O Último Adeus (Honoré de Balzac)

O Último Adeus” (1830) do escritor conservador (e, como um verdadeiro conservador, trabalhador, consta que escrevia 15 horas por dia!) Honoré de Balzac (1779-1850) é um excelente romance histórico que se lê de uma penada – a edição de bolso da Europa-América tem 80 páginas e um tamanho de letra gigantesco que facilita o devorar da leitura.
Escritor do seu tempo e figura de proa do romantismo francês, Honoré de Balzac oferece-nos neste romance um retrato realista (que tanto caracteriza o romantismo do século XIX) da derrocada de Napoleão e da debandada do seu exército depois da fatídica invasão da Rússia. A prosa chega mesmo a ser chocante pela sua desmesurada crueza:
“O heroísmo destas tropas generosas ia mostrar-se inútil. Os soldados que afluíam em massa às margens do Beresina vinham encontrar, por desgraça, essa imensidão de carros, de caixas, de móveis de toda a espécie, que o exército tivera de abandonar ao efectuar a travessia do rio nos dias 27 e 28 de Novembro [de 1812]. Herdeiros de riquezas inesperadas, esses desgraçados, endurecidos pelo frio, instalavam-se nos bivaques vazios, partiam o material do exército para construírem cabanas, acendiam fogueiras com tudo o que lhes vinha às mãos, despedaçavam os cavalos para se alimentarem das suas entranhas, arrancavam as cortinas ou as capotas dos carros para se cobrirem, e ficavam-se a dormir, em vez de continuarem o caminho e transporem, durante a noite, esse Beresina que uma incrível fatalidade tornara já tão funesto para o exército.
A apatia desses pobres soldados não a podem compreender senão os que se lembram de terem atravessado esses vastos desertos de neve sem poderem beber outra coisa que não fosse a própria neve, sem outra cama além da neve, sem outra perspectiva além do horizonte de neve, sem outro alimento que não fosse a neve ainda ou algumas beterrabas geladas e uns punhados de farinhas ou carne de cavalo. Mortos de fome, de sede, de cansaço e de sono, esses infelizes chegavam à praia onde se lhes deparava madeira, lume, alimentação, inúmeros carros abandonados, bivaques, enfim, toda uma cidade improvisada.”
(p. 28/29).
A história trata de um amor impossível, entre o barão Philippe de Sucy e a condessa Stéphanie de Vandières, iniciado no tumulto desumano da guerra e mais tarde reencontrado, embora marcado com as chagas abertas pela mesma. Philippe tenta então resgatar o garnde amor da sua vida das trevas da loucura. Esta nobre e romântica atitude produziu resultados e teve consequências. Vale a pena ler para saber qual foi o preço que o barão de Sucy pagou pelo seu amor incondicional a Stéphanie.

terça-feira, 15 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

O problema está na causa...

Não existe um comboio (ou outra coisa qualquer que se atulhe com activistas) humanitário em auxílio da causa curda? Soldados turcos matam quatro militantes curdos Internacional TVI24 Porque é que a causa palestiniana aparece no Ocidente como causa global e a causa curda não? Activistas humanitários precisam-se no Curdistão!

Coisas do Corisco

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mais um passo de gigante a caminho do socialismo…

Esta medida estúpida e socialista (porque pretende que todos cortem a meta mais ao menos ao mesmo tempo) de que os alunos com mais de 15 anos possam passar do 8º ano para o 10º ano fazendo apenas os exames do 9º ano não vale apenas pela sua burrice “igualitária” que encerra, mas pela porta que abre ao facilitismo que serão os exames do 9º ano no futuro.

domingo, 6 de junho de 2010

Um pouco de bom senso também é bom

Não tenho nenhum gosto em defender o Primeiro-ministro, mas, tal como ele, também concordo que é criminoso manter escolas a funcionar com menos de 20 alunos. Na política deve haver bom senso. E é de um elementar bom senso apoiar esta lúcida decisão do ministério da Educação, porque não existe bom senso em exigir o controlo da despesa pública e defender em simultâneo a continuação do funcionamento de escolas com este número de alunos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Grande povo...

Estes resultados da OCDE não revelam apenas o fracasso das nossas políticas educativas, Escolaridade média dos portugueses é a segunda pior da OCDE - Educação - PUBLICO.PT , mas sim o nosso fracasso enquanto povo. Povo que não se esforçou para se qualificar (muito mais de metade dos portugueses são iletrados) e não aproveitou a Escola enquanto fonte de saber e de educação funcionando como alavanca de ascensão social. Pelo contrário, descurou da disciplina e da exigência e impôs o facilitismo à política que, por demagogia e vergonha das nossas comparações com outras democracias, cedeu. Por isso, fique registado que mesmo estes miseráveis resultados devem-se muito mais ao facilitismo no ensino do que propriamente ao mérito dos alunos. Agora, face a estes números da OCDE resta-nos aligeirar ainda mais o facilitismo nas escolas (Sócrates até já anunciou que os alunos com mais de 15 anos podem passar do 8º para o 10º ano com apenas uns exames do 9º ano, conseguindo deste modo anular por despacho o chumbo de um ano lectivo) e continuar a apostar na magia quantitativa das Novas Oportunidades. Bem disse Medina Carreira que hoje o diploma substitui o saber. Contudo, mesmo a distribuir diplomas somos maus.

Canguru PCP

Heloísa Apolónia, enquanto líder de uma “força política” chamada PEV, não deveria sentar-se na primeira fila do hemiciclo no Parlamento? Mas não se senta. Afinal, o canguru PCP não transporta para todo o lado, isto é transporta para dentro (da AR) mas não lá dentro.

E já que perguntar não custa

Esta pergunta de Helena Matos no Público de ontem também é inquietante: "a propósito quem é que paga os barcos desta frota?". Relativamente ao transporte “humanitário” dos activistas de faca e cacete que receberam com humanismo as tropas de Israel.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Educando o povo para a "causa" do Hamas

Estas imagens revelam ao que chega a estupidez indigena Manifestação anti-Israel, anti-semita (e não Pró-Palestina) - Alunos do Liberalismo Um mérito deve ser concedido à esquerda: sabe manipular e orquestrar as massas semi-letradas como ninguém.

As perguntas podem-se sempre fazer. As respostas é que nem sempre podem ser dadas...

Grande pergunta de José Manuel Fernandes [via Twitter]: "Alguém me explica se a NATO está disposta a ir para Gaza controlar o tráfico de armas no caso de o bloqueio israelo-egípcio ser levantado?" Era uma oportunidade única para conhecer com profundidade o "Outro", isto é os meigos dos palestinianos de Gaza e dos seus pacíficos líderes do "progressista" Hamas...

Por esse país do corisco: Praia das Maçãs (Sintra)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Para perder uma eleição qualquer um serve

O apoio hipócrita do PS (ou de Sócrates que é quem manda lá) a Manuel Alegre na parte II da sua epopeia pessoal de chegar a Presidente da República está a gerar muito desconforto entre as hostes socialistas, sobretudo a Mário Soares ou a fanáticos do seguidismo como Vítor Ramalho e José Lello, e até houve votos contra (10) no “conclave” que designou sem entusiasmo o poeta como candidato “oficial” socialista. Não sei o porquê de tanta azia. Afinal a escolha de Alegre, além de ser a única possível, é uma escolha para perder a corrida eleitoral com o mínimo de dignidade possível logo na primeira volta. Se houvesse uma possibilidade, mesmo que remota, da esquerda vencer as presidenciais compreenderia o incómodo que se faz sentir no interior do PS. Mas para perder uma eleição qualquer um serve. Até Manuel Alegre.

sábado, 29 de maio de 2010

Cruxificação do contribuinte

O contribuinte paga na cruz por um caldo de pecados que vão desde a falta de competitividade da economia portuguesa à fraca produtividade dos nossos (poucos) trabalhadores; a que se junta a incapacidade do governo em conseguir resolver os dois pecados anteriores.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Gravado na Rocha

"Um país que se contenta com as aparências, que toma por genuíno o que não passa de oportunismo, que não escrutina o mérito nem questiona socialmente os pantomineiros, está condenado ao fracasso." Miguel Sousa Tavares, Expresso, 20/5/2010.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

José Sócrates speak inglês

Notem só esta triste figura do Primeiro-ministro a tentar falar inglês. Entre os presentes acho que ninguém se esqueceu de rir. E dos que apenas assistiram também não. O país afunda-se e é este o homem do leme.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Medir valores

Do ponto de vista académico era bom que fosse efectuado um referendo ao casamento gay. A nível sociológico seria um interessante barómetro sobre o conservadorismo de valores da população portuguesa. O referendo ao Aborto não foi significativamente elucidativo em matérias de orientação ideológica da sociedade porque o aborto é uma prática com um carácter utilitarista (pode sempre dar jeito…), e isso teve o seu peso em votos. Um referendo ao casamento gay é diferente: vota-se exclusivamente em função dos valores que possuímos. E os valores de uma sociedade merecem ser medidos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sócrates validado em competências de “portunhol”

O à-vontade desavergonhado com que José Sócrates, em encontros oficiais onde representa o país, se exprime em “portunhol” (português meio cantado com a língua enrolada para soar parecido com o espanhol) é a prova cabal do fracasso total do nosso sistema de ensino vergado pela ideia generalizada de que não só não é mau não saber, como não há que ter vergonha em demonstrar não saber. Com exemplos despudorados destes vindos bem de cima (ele é o Primeiro-ministro) como se pode acreditar na escola (e no saber e conhecimento) enquanto alavanca de ascensão social?

Qualquer semelhança com a presente realidade é apenas coincidência... ou não?

“Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá... vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal.” Eça de Queirós in “As Farpas” (1872).

sábado, 15 de maio de 2010

Senhor Santo Cristo (Ponta Delgada, 2010)



Com saudade...
Fotos cortesia de Luísa Simas.

Pós-facilitismo

Uma prova de aferição de matemática do quarto ano apresenta um relógio com os ponteiros nas 11.25. A pergunta é: “quantos minutos passaram desde as 11 horas?”. Numa outra, também de matemática, esta do sexto ano, pede-se ao aluno para dividir 8 por 4 com a ajuda de um desenho com oito chocolates e uma calculadora. O que estamos a criar nestas escolas?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Uma questão de silêncios

Bento XVI pediu um minuto de silêncio depois da homilia e a gigantesca multidão (não sei ao certo quantas dezenas de milhares eram, mas havia gente por todo o lado) que assistia obedeceu com humildade e educação. Eu, em qualquer sessão de formação que dou e independentemente da turba que me rodeia, não consigo obter um minuto de silêncio que seja. Moral da história: nunca chegarei a Papa.

Bento XVI em Lisboa: foi incrível!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

É para assegurar que isto acontece que os professores devem ser avaliados

“A principal qualidade de um professor é a competência científica e um professor tem de dominar muito bem a matéria que ensina. Também tem de estar aberto a, continuamente, aprofundar o estudo para se ir actualizando e acompanhar a evolução da disciplina científica que trabalha.” Isabel Alçada em entrevista ao DN de ontem.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Acabar com preconceito ideológico demonstrando a sua vitalidade

O discurso de Aguiar-Branco na celebração do 25 de Abril na Assembleia da República foi ridículo. As suas citações de Rosa Luxemburgo, Sérgio Godinho e … Lenine (!) foram tão patéticas que conseguiram fazer com que toda a esquerda se risse dele. Se Paulo Rangel aproveitou a oportunidade que teve num discurso no 25 de Abril para mostrar ao país e ao partido todo o seu talento e pujança política, Aguiar-Branco, nesta sua oportunidade, revelou que é um político menor e que os militantes do PSD poderiam ter destruído irremediavelmente o partido se num surto de ensandecimento colectivo o tivessem elegido presidente.
José Pedro Aguiar-Branco pretendeu “acabar com o preconceito ideológico”. Mas apenas provou que 37 anos após a queda do Estado Novo um ex-líder parlamentar do maior partido do centro-direita português não teve a capacidade nem a coragem para ultrapassar o preconceito ideológico da direita, isto é, da direita se assumir sem preconceitos como direita, com as suas referências ideológicas tão dignas moralmente como distintas da esquerda. Aguiar-Branco tocou no ponto-chave do preconceito ideológico, mas fê-lo da pior maneira possível. O silêncio envergonhado da direita e as gargalhadas da esquerda revelaram que o único preconceito ideológico existente na política portuguesa permanece inabalável.

sábado, 17 de abril de 2010

Política de outro campeonato

Vi deliciado o debate entre os três candidatos ao n.º 10 da Downing Street. Nick Clegg (liberal-democrata); David Cameron (conservador); e Gordon Brown (trabalhista) estiveram todos muito bem naquele que foi o primeiro debate televisivo da história política britânica. Embora tenha sido visto por uma média de 9 milhões de telespectadores, não estou seguro que tenha sido um debate suficientemente esclarecedor para o eleitorado britânico que se encontra indeciso. Mas valeu a pena assistir ao talento político e a cordialidade do trato entre todos os candidatos, que fez com que a elevação predominasse durante os 90 minutos que durou o polido confronto. Nick Clegg surpreendeu pela positiva, embora em matérias de educação me tenha parecido um bocado pateta. Nesta área, Gordon Brown esteve muito bem frisando a importância do nível de exigência das escolas inglesas ter de se manter elevado uma vez que “competimos num mercado global com a Ásia, os Estados Unidos e a Europa”. David Cameron, o meu candidato preferido, embora não estivesse mal, não ganhou nada com o debate. Gordon Brown foi, no meu ponto de vista, o vencedor. Nick Clegg, por sua vez, parece ter dado um passo de gigante para fazer parte de um futuro governo multipartidário, tanto com os conservadores de Cameron ou os trabalhistas de Brown. Todavia, assalta-me uma dúvida: existe algum partido verdadeiramente de esquerda no Reino Unido?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

domingo, 11 de abril de 2010

Frase inspiradora…

Num trabalho sobre o "Ciclo da Água”, para validação de competências em processo RVCC, um formando conclui a sua pérola literária com esta frase: “Assim, podemos dizer que toda a água que mandamos pelo esgoto abaixo, um dia voltará às nossas casas”. Hilariante. Deus que lhe guarde o talento em casa.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Quanto Morre um Homem (Ruy Belo)

Quando eu um dia decisivamente voltar a face
daquelas coisas que só de perfil contemplei
quem procurará nelas as linhas do teu rosto?
Quem dará o teu nome a todas as ruas
que encontrar no coração e na cidade?
Quem te porá como fruto nas árvores ou como paisagem
no brilho de olhos lavados nas quatro estações?
Quando toda a alegria for clandestina
alguém te dobrará em cada esquina?

Ruy Belo, in Aquele Grande Rio Eufrates

domingo, 21 de março de 2010

Solidariedade nacional no tempo de Afonso Henriques

Marco evocativo da partida de combatentes da Invicta para a conquista de Lisboa aos muçulmanos. Está situada em frente à Igreja da Sé do Porto. A Fé, antes do secularismo, trazia consigo a confiança. Lisboa não foi conquistada pela fé, mas foi conquistada com a fé.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Um Estado enredado

Informado sobre os concursos para admissão de professores que passam a ser geridos conjuntamente pelos ministérios das Finanças, Administração Pública e Educação; João Dias da Silva, dirigente da Federação Nacional de Sindicatos da Educação (FNE), fez saber ao Sol que: “isto nunca esteve em cima da mesa!” Estamos esclarecidos sobre quem marca a ordem do dia em questões de Educação em Portugal.

terça-feira, 9 de março de 2010

Igreja de São Julião (Setúbal)

Porta manuelina que sobreviveu ao terramoto de 1755 de Lisboa, mas que também se fez sentir em Setúbal.

Fachada da Igreja de S. Julião, situada na Praça Bocaje, num sábado à tarde.

domingo, 7 de março de 2010

Gravado na Rocha

"Fugir não é somente partir, é também chegar a outro lado." Bernhard Schlink in O Leitor, p. 30.

terça-feira, 2 de março de 2010

Neve na Lagoa do Fogo


Fotos da queda de neve na Lagoa do Fogo, ilha de São Miguel, nos Açores. Nunca antes tenho visto ou até sabido que semelhante coisa acontecera. Este tão propagado "Aquecimento Global" é no mínimo um pouco estranho... A comunidade científica talvez devesse ser ideologicamente escrutinada. É que poderia ajudar a compreender estes fenómenos.
Fotos da cortesia de Leo Weitzenbaur.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Generosidade comunista

Sempre desconfiei da generosidade vinda de um comunista. O comunismo não é uma “ideologia generosa”, como disse o bloquista João Teixeira Lopes. O comunismo é uma ideologia estúpida, totalitária e assassina que só não foi ainda totalmente erradicada deste planeta porque se alimenta de uma das piores características da natureza humana: a inveja. A ausência de um julgamento por crimes contra a humanidade após a queda do muro de Berlim, em 1989, e de uma efectiva condenação moral a esse estrume ideológico também ajudam a compreender porque ainda existem pessoas que não têm vergonha de se identificarem com uma bandeira vermelha onde figura uma foice e um martelo, que simboliza a união de camponeses e operários para a edificação da “ditadura do proletariado”.
José Saramago é um comunista inchado de capital. É editado por uma editora capitalista (a Caminho) que pertence ao maior grupo editorial capitalista (o Grupo Leya) que alguma vez existiu em Portugal e que até tem uma obra sua (“Ensaio sobre a Cegueira”) adaptada ao cinema nessa ex-líbris capitalista da sétima arte que é Hollywood, sedeada nos EUA, o país vencedor da Guerra Fria e símbolo máximo do capitalismo e do triunfo deste sobre o comunismo. Mas, desde que seja bem pago, nada disto incomoda minimamente Saramago.
Não tendo a mais pequena dúvida sobre a absoluta ausência de um sentimento humanista e de generosidade em gente que se intitula comunista, percebi de imediato que o contributo de José Saramago para com as vítimas do Haiti cumpria um propósito mais lato do que a ajuda humanitária. A edição da obra “Jangada de Pedra” cujas receitas reverterão para o Haiti não foi uma escolha feita ao acaso. A “Jangada de Pedra” foi o maior fracasso literário e de vendas de Saramago desde que, em 1998, venceu o prémio Nobel da Literatura. Aliás, a “Jangada de Pedra” foi um duplo fracasso, uma vez que a sua adaptação ao cinema português, com uma interpretação patética de Diogo Infante, foi também um desastre nas bilheteiras que nem chegou a ser editada em DVD.
O desastre do Haiti serve assim a Saramago para tentar atenuar o desastre literário daquela sua obra, que por motivos meramente comerciais jamais seria editada, possibilitando-o umas tiragens extras que lhe permitem disfarçar o fracasso de vendas inicial. Saramago doou ao Haiti um dos seus poucos livros que não vende. Se o seu objectivo fosse realmente ajudar as vítimas do Haiti poderia ter doado um ano de vendas do “Memorial do Convento”, de leitura obrigatória no ensino secundário e, portanto, fonte de receitas inesgotável. Mas, esperto, Saramago preferiu reeditar a “Jangada de Pedra”. E isso diz muito sobre o que são os comunistas como Saramago: gente moralmente menor que gosta demasiado de dinheiro e que apenas partilha o que lhe interessa ou não lhes faz falta.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Maia (Açores)



A Freguesia da Maia, concelho da Ribeira Grande, Norte da ilha da S. Miguel, totalmente fustigada pelas fortes chuvadas de 15 de Fevereiro. Fotos de Jaime Serra.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Carnaval em Portugal

O modo como se comemora o carnaval em Portugal diz muito sobre aquilo que somos. Um povo ignorante e inculto, adepto da mediocridade, que copia despudoradamente tradições alheias e as reproduz com um singular mau gosto na sua ânsia desenfreada em gozar um (mais um) dia feriado, que independente do maior ou menor grau da comemoração não se aceita abdicar. Esta festa – com a excepção honrosa de Ponta Delgada onde realmente faz parte da tradição popular micaelense, sendo genuína e de bom gosto, como atestam os bailes de gala do Coliseu Micaelense – é estúpida, resultado de uma reprodução patética e grosseira do carnaval brasileiro conjugado com algumas das mais imbecis tradições provincianas ou com esse género menor de encenação que é o Teatro de Revista.
Localidades como Ovar, Mealhada, Torres Vedras ou Olhão, entre outras que sem pena me esqueci, aceitam o repto lançado pelo ridículo e saem à rua (de preferência a maior do sítio) em manadas disfarçados de “foliões” e “com calor”, apesar da massa de ar polar que atravessa o país. Em Olhão, alheios e indiferentes a essas questões que não percebem nem têm interesse em perceber da liberdade de informação, chega-se a produzir uma montagem de José Sócrates a tirar o microfone a Manuela Moura Guedes junto com o tristemente célebre lápis azul da anterior república, e, como disse um indigente mental entrevistado pela televisão, “acha engraçado”, enquanto outro suspira por ver “José Sócrates mascarado de Pai Natal!”. A estupidez chega ao ponto de se fazer um corso sob o tema: “Um Atentado da ETA em Portugal”, como em Torres Vedras.
Enquanto na televisão os jornalistas (uns por ignorância outros por esperteza) aproveitam para evidenciar o “lado profano” da festa, numa espécie de reconstrução histórica da identidade portuguesa sem cristianismo, na Madeira, Alberto João Jardim participa no “tradicional corso carnavalesco madeirense” (uma importação do pior que existe no Cont’nente pelo regime autonómico da Madeira) vestido de Vasco da Gama à procura de “descobrir Portugal” (sic)...
É muito mau para ser verdade, mas é verdade. Portugal consegue sempre confirmar a máxima de que pior é sempre possível. Mas é este o povo que temos, boçal, prosaico, manhoso, egoísta e sem personalidade. O mesmo povo que, com manha, sofreu calado uma ditadura de 48 anos junto com as novas gerações de ignorantes funcionais mais ou menos qualificados. Portugal é isto, e não aquilo que pessoas como eu gostariam que fosse. E isso é que dói.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Temporal na Madeira (15-2-2010)

Gravado na Rocha

"Os Estados Unidos são, de facto, a nação indispensável. Algumas vezes para o mal, outras, como no Haiti, para o bem. Churchill, por exemplo, sabia-o bem: quando tomou posse do governo inglês para enfrentar Hitler, ao mesmo tempo que tentava sobreviver à guerra aérea que, nos céus ingleses, antecipava a invasão da ilha, ele concentrava todos os seus esforços a tentar convencer Roosevelt a entrar na guerra. Em 39-45, como antes, em 14-18, e depois, em 1991, na primeira Guerra do Golfo, a Europa e o Ocidente ficaram a dever a vida ao esforço de guerra da grande nação americana." Miguel Sousa Tavares, Expresso, 23-1-2010.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mais uma arruaça educativa

Esta semana houve arruaça. Outra vez a Educação, mas desta vez sem os professores a guinchar apenas a orquestrar. Assim a arruaça ficou a cargo dos alunos que, em contestação ao Estatuto do Aluno, “vieram para a rua”, galvanizados pelo êxito da arruaça dos professores que sacaram recentemente do Governo uma avaliação de desempenho que, de facto, não se reflecte na progressão de carreira – e de salários, porque afinal tudo sempre foi uma questão de dinheiro.
Com aquele aspecto sujo, mas não necessariamente sujos, berraram o que puderam e souberam, tendo em conta o domínio da língua que foram “creditados” em “competências”. Sempre que um jornalista os indagava sobre as suas “reivindicações” mostravam que do Estatuto do Aluno muito pouco ou mesmo nada sabiam, uma vez que o Estatuto está escrito e eles têm dificuldades em “ler textos longos” e, para piorar, não está disponível em vídeo na net. Falhada a compreensão, segue a manifestação na mesma. Dos urros que berravam não consegui perceber o que quer que seja. Limitado a visualizar as imagens daquelas “reivindicações cívicas” observei com maior atenção os cartazes que empunhavam. Com a “tolerância” que se recomenda face aos erros ortográficos, consegui, com esforço, ler um cartaz com uma inscrição (quase paleolítica) que dizia “abaixo os directores de escola e as empresas na escola.”
Aqui é visível a influência de alguns professores, sobretudo os professores de esquerda ou de extrema-esquerda e/ou com mestrado ou doutoramento em Ciências da Educação, área dita “científica” que funciona em faculdades e escolas superiores de Educação que são uma espécie de igrejas neo-socialistas, onde se adora o Estado e se condena moralmente a iniciativa privada. Um paleio fácil, baseado no ódio ao sucesso e na inveja social, que muitos professores, sobretudo os mais ignorantes ou os menos inteligentes destes, adoptam como religião e que nas escolas passam a difundir como “fé” aos “bons selvagens”, isto é, formatando as cabeças ocas de conhecimento dos alunos do mesmo modo que eles próprios foram formatados nos seus mestrados e doutoramentos ou pelos sindicatos.
Num país como Portugal, onde as dificuldades estruturais ao nível da produtividade, competitividade e de empreendorismo funcionam como um travão ao progresso económico e social, incutir nas gerações mais novas qualquer sentimento contra a livre iniciativa privada e as empresas é um crime imperdoável. Face à manifesta impossibilidade do poder político em actuar face aos interesses duma corporação profissional como os professores - que consegue assegurar os seus muito caros, ao erário público, privilégios independentemente das leis de mercado, uma vez que o Estado paga-lhes um salário que na sua esmagadora maioria nunca ganhariam no privado ou noutra ocupação profissional -, compete às famílias averiguar com profundidade e preocupação o que alguns destes privilegiados funcionários públicos doutrinam nas escolas aos seus filhos. Uma pergunta carece de explicação satisfatória: como pode um país se tornar competitivo a nível global com uma escola pública dominada ideologicamente pela extrema-esquerda?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Liberal do Corisco

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade. Por cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber. O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém. Quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação. É impossível multiplicar riqueza dividindo-a." Adrian Rogers (1931).

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A construção do anti-americanismo

O anti-americanismo é um sentimento primário que a esquerda conseguiu edificar, com sucesso, junto das populações. Todas as inteligências médias, incultas e ignorantes são por definição anti-americanas. Pessoas cultas também o são, mas apenas pessoas cultas têm a possibilidade de não o serem. A comunicação social é fundamental na criação deste sentimento anti-americano. Veja-se que o terrorismo islâmico regista menos rejeição do que os EUA junto das pessoas médias, o que muito se deve ao sucessivo branqueamento da informação pouco abonatória sobre o Islão e os seus seguidores. Nem a URSS, com toda a espécie de crimes contra a humanidade que promoveu, sobretudo junto da humanidade que governou, foi tão rejeitada e causadora de ódios como os que geralmente são dedicados aos EUA. E porquê? Porque as “mensagens” difundidas pela comunicação social têm sempre como objectivo condicionar pela negativa a imagem dos EUA junto das populações médias, que não lêem, não pensam e recebem passivamente a imagem que a comunicação social lhes transmite. E este sentimento depois de entranhado é difícil, senão mesmo impossível, ser alterado e torna-se uma espécie de “verdade absoluta” a partir da qual tudo se interpreta.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O teste

Depois de ler a entrevista de Santana Lopes ao Expresso, sobre o congresso extraordinário do PSD (o primeiro de sempre), fiquei convencido que Santana deseja o congresso sobretudo para testar a capacidade política de Pedro Passos Coelho, que fica assim obrigado a brilhar. Uma prestação apagada no congresso pode comprometer uma vitória sua nas directas. De qualquer modo, e como bem disse Santana Lopes, “no lugar dele sentia-me galvanizado com as dificuldades” porque “para ser o líder que o PSD precisa tem de ganhar em congresso.” Aguardo, com expectativa, por uma prestação de Passos Coelho que responda efectivamente ao desafio de Santana.

Vos estis sal terra |

 Vos estis sal terra | "I Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porq...