sábado, 27 de junho de 2009

A democracia da hipocrisia

O Presidente da República decidiu, contra o PSD, marcar as eleições legislativas para 27 de Setembro. Justificando a decisão com o facto de "não poder ficar indiferente ao apelo da maioria dos partidos", i.e., todos menos o PSD. Que fique sublinhado junto daqueles que têm memória selectiva ou parca inteligência que o primeiro presidente de Direita desde o 25 de Abril decidiu contra o grande partido de centro-direita português, fazendo um frete ao PS, ao resistente CDS, e à extrema-esquerda anti-liberal, inimiga da liberdade e do sucesso individual, que a ignorância e a inveja indígena possibilitam a existência, ou seja, os execráveis PCP e Bloco.
Esta decisão de Cavaco Silva é hipócrita e incoerente para quem está permanentemente obcecado com a abstenção e com os gastos desnecessários em tempos de crise. Mas responde à vontade da maioria dos apelos hipócritas feitos por todos os partidos, sem excepção. O PSD queria a data de 11 de Outubro (data das eleições autárquicas) na esperança de que a sobreposição dos actos eleitorais o beneficiasse nas legislativas, uma vez que está seguro de uma boa votação no poder local. Os outros partidos, com algumas variantes, pensam exactamente o mesmo, por isso quiseram actos eleitorais em datas distintas. Muito bem. Os portugueses com capacidade raciocínio ficaram a saber que todos os partidos acham que os eleitores são estúpidos, passíveis de confundirem eleições autárquicas com legislativas. E, entre toda esta hipocrisia, o Presidente decidiu a favor da maioria dos hipócritas. É a democracia da hipocrisia no seu melhor.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Com exemplos destes o liberalismo fica na gaveta

De acordo com o "Público" vários hospitais privados - como o Hospital da Luz (Lisboa), o Hospital da Arrábida (Gaia) ou a Clínica da CUF (Lisboa) - deixam os utentes da ADSE em lista de espera durante vários meses para uma simples consulta de ortopedia ou oftamologia apesar de estarem convecionados com o Estado. Mas, em contrapartida, continuam a prestar excelentes serviços aos "clientes" (os que pagam directamente e na hora). Com exemplos destes vindos do sector privado é normal que os portugueses continuem a querer cada vez mais serviços públicos. E é por isso que o prof. André Freire diz que as ideias "liberais" não colhem muita simpatia junto da população. Pois não colhem. E com exemplos como estes vindos do privado é que não virão a colher de certeza absoluta. A ideia subjacente à lógica dos serviços privados é melhorar os serviços que o Estado disponibiliza, e não copiar o pior que o "monstro" já nos oferece. E assim fica o liberalismo na gaveta. Como sempre.

Estátua de Dom Afonso (Chaves)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Revolução verde no Irão, sim o ocidente consegue

O Ocidente já elegeu o "seu" presidente da República Islâmica do Irão: o candidato derrotado Hossein Moussavi. Também já arranjou uma cor para a "sua" revolução pacífica daquela tenebrosa teocracia: o verde, cor da campanha do candidato derrotado. Mas eu, sempre muito céptico em relação a tudo o que seja considerações ocidentais sobre muçulmanos, tenho sérias reservas se realmente Mahmoud Ahmadinejad (que não é de plástico) não venceu com legitimidade aquilo que se convencionou chamar "eleições". Fraude? Talvez, mas pouco. A diferença (11 milhões de votos!) entre as votações dos dois candidatos foi bastante superior à diferença dos seus "programas" políticos - nenhuma. Aliás, a única dissemelhança que os jornalistas ocidentais conseguiram encontrar entre os candidatos foi que Moussavi "fez campanha acompanhado pela esposa" (que progressista...) e, por isso, "obrigou" Ahmadinejad a "fazer campanha acompanhado pela esposa". Que grande revolução... Os candidatos são ambos fanáticos religiosos. As "eleições" não têm valor nenhum, não contam para nada, nem nada esteve em jogo - o Irão é uma teocracia dominada pelos aiatolas. Quanto à "revolução" só na cabeça dos ocidentais. O Irão é o que é, e os iranianos são o que são, não aquilo que nós gostávamos que eles fossem.

É de plástico sim senhor

A entrevista de José Sócrates ao programa Dia D, na SIC-N, revelou cabalmente que o homem é mesmo de plástico. Tanta calma e candura vinda de quem vem só mesmo para enganar os tolos - até já admitiu ter errado - "um ou dois erros", segundo o próprio. Sempre preferi quem é aquilo que é, e não quem quer parecer aquilo que não é. E este tipo de plasticidade, em política, não augura nada de bom, especialmente no que respeita à credibilidade.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Se é para a desgraça é para a desgraça

Os super produtivos funcionários públicos portugueses reconhecidos internacionalmente pela eficácia de procedimentos e pelo fino trato com que atendem os portugueses em qualquer serviço público (repartições de finanças, segurança social, hospitais, etc.) vão, pelo seu extraordinário desempenho profissional, ver os seus vencimentos aumentados em 3,2% - o segundo maior aumento da Europa, depois da Espanha. Crise? Só se for no sector privado. Afinal, José Sócrates não se intimidou com o pormenor da inflação ser, em 2009, de 2,5%. Se é para a desgraça é para desgraça, como se diz nos Açores. Pois é, digo eu. Mas quem paga esse aumento? Os contribuintes que trabalham no sector privado, evidentemente.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Planeta Ronaldo não é do PCP nem do BE

Os partidos extrema-esquerda que apontam a crise como: "o resultado da falência do modelo capitalista" devem estar com dificuldades para perceber como é que o Ronaldo acaba de ser transferido do Manchester para o Real por 94 milhões de euros quando, segundo eles, o modelo capitalista ruiu. Mas, como o futebol meche com muitos sentimentos vão ficar bem calados. O populismo isso aconselha. Notem que apesar dos três maiores clubes portugueses estarem atolados até ao pescoço com dívidas, da extrema-esquerda não sai uma crítica que seja. Porque é que o dr. Louçã não critica a gestão dos clubes ou os gastos desmesurados que estes fazem com contratações ano após ano? Afinal tudo isto é capitalismo...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Igrejas Laicas

Muitas faculdades públicas são uma espécie de seitas de extrema-esquerda pagas pelos contribuintes. Gente que se atola dentro do Estado e, lá dentro, berra por ainda mais Estado. Ou seja, mais lugares para as pessoas de esquerda nas universidades do Estado - como professores e investigadores . Tem piada que no sector privado são muito raras as pessoas bem sucedidas profissionalmente que se digam de esquerda. Mas, em contrapartida, conheço faculdades públicas em que 100% dos professores são de extrema-esquerda. Faculdades de ciências sociais e de ciências da educação. Os tais sociólogos que quando trabalham em sondagens descobrem enormes vitórias da esquerda, assim criando dinâmicas de voto favoráveis à "mudança social", ou educadores que alertam que a avaliação dos alunos e dos professores é "uma forma de exclusão, a exclusão pelo mérito". Igrejas laicas, pagas pelos contribuintes, que servem unicamente para doutrinam os ignorantes analfabetos, que a "escola pública" produz em massa, com o mesmo zelo que os jesuítas doutrinavam os "bons-selvagens" em África ou nas Américas. Estas seitas, aliás, não admitem nenhuma influência da Igreja Católica na sociedade. A concorrência nunca foi uma virtude para a esquerda.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sondagens e sondadores

As previsões das sondagens com estas eleições passaram a ter uma credibilidade inferior às previsões de astrologia da Maya. Mas, não deixa de ser curioso que apesar de as sondagens se enganarem redondamente, enganaram-se sempre num mesmo sentido: prejudicando a direita. Só um estudo deu a vitória ao PSD e mesmo esse dentro da margem de erro quando afinal se verificou que a vitória social-democrata até foi bem clara (5% de diferença) sobre PS - o grande vencedor das sondagens. O CDS devia de ter desaparecido enquanto partido, mas elegeu tantos eurodeputados como a CDU e só teve menos dois pontos percentuais do que o Bloco de Esquerda, partido que as sondagens chegaram a dar quase sempre mais do que o resultado obtido nas urnas. Talvez fosse positivo, a nível de transparência, saber as orientações ideológicas dos sondadores. É que podia ser útil para tentar perceber este mistério das sondagens sempre favoráveis a criar dinâmicas de voto que favorecem, sem excepção, a esquerda.

A grande vitória da direita explicada com um desenho

Celebrar a derrota socialista com calma

Que houve uma clara intenção de punir José Sócrates nestas eleições é inegável. Se foi punido por aumentar desmesuradamente os "beneficiários" do "vale" do RSI, do aumento do tempo do subsídio de desemprego, pelas reformas que devia ter feito e não fez, ou da peregrina proposta do "casamento homossexual" ainda compreendo. Mas se foi derrotado pela firmeza que teve no combate aos interesses das corporações da função pública (professores, polícias, médicos) é que já não compreendo. O problema é que não tenho a certeza do verdadeiro motivo da punição. E temo que a punição do primeiro-ministro não tenha sido pelas razões que merecia. E ao contrário de muita gente não sei até que ponto deve ser celebrada esta derrota do PS. É que se José Sócrates foi derrotado pelas reformas (mesmo que tímidas) que efectuou estamos perante um péssimo sinal - Portugal é irreformável e a caminho de se tornar ingovernável.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O filtro da democracia

Aquilo que mais magoa uma pessoa arrogante é o fracasso pessoal por culpa própria. Vital Moreira é arrogante e é o rosto do maior desaire eleitoral do PS desde 1987. E do terceiro pior resultado dos socialistas portugueses desde a sua fundação. Por isso, imagino que não esteja a ser fácil ao Professor Doutor de Coimbra digerir tamanho fracasso pessoal. A Democracia é um extraordinário filtro qualitativo. Tanto pode revelar políticos talentosos como Paulo Rangel como destruir aspirações patéticas de gente sem talento nem grandeza como Vital Moireira que não acrescentam nada à política. Obrigado, eleitores.

Os europeus confiam na Direita

Tendo em conta a esmagadora vitória da Direita nestas eleições europeias é legítimo concluir que os europeus não entendem que foram as "políticas de direita" as responsáveis pela crise. A imensidão da vitória permite ainda a conclusão de que os europeus consideram que são os governos de direita que melhor podem responder à crise. Não os de Esquerda. Nos maiores países europeus os governos de direita em funções (na Itália, França e na Alemanha) foram recompensados pelos eleitores. Enquanto os governos de esquerda (em Inglaterra e Espanha) foram punidos. O que é bastante esclarecedor sobre a confiança dos eleitores em momentos de crise.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A onda da "suspensão"

Paulo Rangel acabou por se revelar uma excelente escolha da Manuela Ferreira Leite para encabeçar a lista do PSD às eleições europeias. A prova disso está no baixar do nível de Vital Moreira e no medo deste em fazer um último debate, numa tentativa desesperada de manter os seus míseros 2% de vantagem nas sondagens.
Contudo, meteu o pé na poça pelo menos duas vezes. A primeira quando, em entrevista ao i, se declarou "federalista" e a segunda agora, em Braga, quando juntou a sua voz ao coro de professores desesperados em não ser avaliados pedindo a "suspensão" da avaliação do desempenho docente. É, para mim, uma pena enorme ver o cabeça-de-lista dum partido reformista deixar-se enredar pelos interesses de uma classe profissional unicamente para alcançar alguns votos. Os professores não aceitam nem nunca vão aceitar nenhum modelo de avaliação do seu desempenho profissional. Por isso não propõem nenhum modelo de avaliação alternativo ao do Governo e apenas apelam à "suspensão" deste porque, manhosos, esperam que a iniciativa caia no esquecimento. Mais nada. E Paulo Rangel, também manhoso, deixou-se levar na onda da "suspensão". É triste, mas aconteceu.

Vos estis sal terra |

 Vos estis sal terra | "I Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porq...