terça-feira, 30 de setembro de 2008

Miguel Sousa Tavares capaz do pior e do melhor

Miguel Sousa Tavares é, no meu entender, um bom cronista e escritor. Contudo, naquele seu estilo muito próprio comete várias imprudências, revela algum desconhecimento sobre assuntos que aborda (Carrilho, por exemplo, já o “apanhou” numa resposta a um artigo de MST, no Expresso, sobre o Museu do Côa), tem má memória e confunde abundantemente datas e autorias de citações.
Contudo, continuo a admirar Miguel Sousa Tavares. Acho-o um homem inteligente, corajoso e desassombrado, honesto e talentoso. “Equador” foi um livro que adorei ler, e estou certo que o tempo dará a este romance a devida consagração.
Mas, MST é capaz do pior e do melhor. No espaço de uma semana escreveu um excelente texto sobre a crise do sistema capitalista e um péssimo, presunçoso e anti-americano sobre a Europa e os EUA. Aqui ficam duas citações que revelam isso mesmo.

O melhor:

O que falhou? Falhou a noção de honra dos capitalistas e a noção de dever dos governantes. Falhou a consciência da responsabilidade social do dinheiro, substituída pela simples ganância de mais e mais lucros, sem olhar sequer a regras de prudência elementares. Vimos como, entre nós, um banco que era apontado como um "case study" de modernidade e inovação, onde mandavam os gestores profissionais e não os accionistas parasitários, se transformou num "case study" de tropelias de toda a ordem, em que o objectivo principal da gestão parecia ser, não o de servir os accionistas, os clientes, os trabalhadores do banco ou a economia nacional, mas sim a luxúria e o desejo de acreditação social dos seus gestores. No antigo faroeste americano, os que eram apanhados a fazer batota ao jogo eram despidos de tudo, pintados com alcatrão, cobertos de penas e expulsos da cidade. Hoje recebem milhões de indemnização para se irem embora e reformas vitalícias que são um escândalo público. Porque, quando a honra deixa de ser um valor na vida em sociedade, a vergonha não pesa nada.” 22-9-2008.

O pior:

“Os americanos, claro, e é por isso que a América é uma nação perigosa, porque tanto se podem entregar a um Roosevelt ou a um Clinton como a um Nixon ou a um Bush. Mas não só os americanos: também essa geração de dirigentes europeus enfatuados, que parecem desprovidos de pensamento próprio, mesmo quando se trata de questões que tocam muito mais de perto à Europa do que à América, como são os Balcãs, o Médio Oriente ou as relações com a Rússia. Toda a gente sabia que Bush era um completo ignorante em matéria de política externa, dotado daquela ignorância arrogante que se encontra no americano médio, que está convencido de que, fora dos Estados Unidos, nada mais conta e nada mais interessa, e que o mundo inteiro vive no desejo de poder imitar o estilo de vida e os 'valores' americanos - os únicos justos e conformes à vontade de Deus. Mas a ignorância é uma arma perigosa nas mãos de um homem poderoso, e dizem que o Presidente dos Estados Unidos é o homem mais poderoso do mundo. Foi a ignorância de Bush que conduziu os Estados Unidos ao caos e fez do mundo um lugar infinitamente mais perigoso.” 28.9-2008.

Sem comentários:

Vos estis sal terra |

 Vos estis sal terra | "I Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porq...