domingo, 20 de julho de 2008

A cultura da soleira da porta

Os bairros e a cultura “específica” destes estão a agitar o país. Primeiro foi o racismo entre pretos e ciganos na paradisíaca Quinta da Fonte. Duas etnias que deslumbram os “multiculturalistas”, mas que no entanto revelam a miséria da doutrina que professam. Depois foi Rui Rio a anunciar a demolição do Bairro do Aleixo – local habitado e frequentado por toxicodependentes e todo o tipo de beneficiadores de “apoio social”.
O caso da Quinta da Fonte delicia-me particularmente, uma vez que demonstra o racismo existente, sobretudo nas comunidades africanas. Os pretos são tão ou mais racistas do que os brancos. A evidência deste facto cria um tal desconforto na “esquerda da esquerda” que optam pelo silêncio, tal como já haviam feito aquando dos incidentes entre sul-africanos negros e imigrantes negros de outros países africanos. Daniel Oliveira no “Expresso” nem uma palavra dedicou à Quinta da Fonte. Elucidativo. Dói muito saber que as culturas “do outro” têm em comum com a cultura ocidental os seus piores defeitos.
Rui Rio esteve muito bem quando disse que: “ou tomamos nós conta destes bairros ou tomam estes bairros conta de nós”, referindo-se ao Aleixo. Presumo que o autarca do Porto se referia ao banditismo larvar que vive praticamente impune nestes bairros. Mas o problema é bem mais grave. O problema é cultural. António Costa, na quadratura do círculo, contou que existem muitas pessoas em Lisboa que pensam que tal como elas também os filhos devem ter “direito a uma habitação social”. É este o produto da subsídio-dependência: ter “direito” a receber tudo do Estado.
Eu já visitei bairros como o Aleixo ou Vila d’Este (em Gaia). Em qualquer hora do dia é possível ver jovens e pessoas de todas as idades ou sentados nas soleiras das portas, ou encostados às paredes vandalizadas ou ainda sentados nas explanadas dos cafés. A droga vende-se nestes lugares com a mesma naturalidade que um comerciante vende um café. O estudar e o trabalhar não são actividades respeitadas e por isso não seduzem os jovens, que mais facilmente se deixam seduzir pelo tráfego de droga como meio para adquirem os seus telemóveis 3G e as suas roupas de marca, ou, nos piores casos, apenas sustentarem o vício. Como estão habituados na facilidade dos subsídios, naturalmente que também procuram a forma mais fácil de obter dinheiro: roubando ou vendendo produtos ilícitos.
Este é um combate cultural. É a cultura da virtude do trabalho que está em confronto com a cultura da soleira da porta. Se em vez do Estado mandar apenas assistentes sociais e psicólogos “analisar” a “problemática social” e a “exclusão social” decidisse organizar sessões de esclarecimento sobre o mundo e o mercado do trabalho proferidas por pessoas que tivessem sucesso pessoal e profissional que servisse de exemplo talvez fosse muito mais útil. O que estes bairros precisam é de serem inseridos numa cultura de dignificação pessoal através do trabalho.

Sem comentários:

Vos estis sal terra |

 Vos estis sal terra | "I Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porq...