domingo, 27 de julho de 2008

Nuno Crato bem avisa

«Instalou-se uma simbiose – entre técnicos superiores do Ministério da Educação e departamentos de educação das universidades e escolas superiores de educação – de pessoas que têm “a verdade”. Têm a verdade que aprenderam à 30 ou 40 anos, aquilo que chamo a pedagogia romântica e construtivista, uma sobrevalorização do Piaget, dos aspectos lúdicos e um menosprezo pela avaliação dos estudantes… Essa ideologia instalou-se e não há debate. Esta opinião, que é quase monolítica em Portugal, e que tenta dominar a educação a partir da 5 de Outubro, não existe nos Estados Unidos.» Nuno Crato.

Numa excelente entrevista concedida por Nuno Crato ao suplemento Weekend do Jornal de Negócios (25-7-2008) este volta a colocar o dedo na ferida da Educação em Portugal. Criticando inteligentemente e sem receios os “filhos de Rousseau” que dominam os bastidores educativos. A cabeça deste “monstro” ideológico está no Ministério da Educação e as “bases” difusoras desta ideologia são faculdades e departamentos de educação de universidades e escolas superiores. Nuno Crato tem uma enorme coragem nesta sua crítica sistemática a uma gente que, como o próprio sublinha, julgam-se detentoras da “verdade” e actuam sem pudor manietando todas as políticas educativas ao seu belo prazer.
Este é um problema grave que se não for estripado terá consequências nefastas e irreversíveis para várias gerações de alunos. Nuno Crato chama a atenção que a essa ideologia não é só “de esquerda”. Porque em vários nichos de direita encontra seguidores, dando como exemplo os casos dos “profetas” Ana Benavente (esquerda) e Roberto Carneiro (direita). Aqui não estou totalmente de acordo com Nuno Crato. Essa ideologia romântica e construtivista inspirada em Rousseau têm uma natureza essencialmente igualitária. Nesse sentindo é de esquerda. Apesar de ter adeptos e “profetas” de direita ela é de esquerda. Basta vermos os quadros docentes dessas faculdades para percebermos que estamos a falar de gente de esquerda. Não de centro-esquerda mas da “esquerda da esquerda”, isto é, gente do Bloco de Esquerda ou do Manuel Alegre que dominam as faculdades pela composição ideológica dos seus quadros docentes, todos de esquerda que não transmitem conhecimentos nas aulas mas sim doutrina igualitarista e propaganda política.
A pedagogia romântica e construtivista é uma pedagogia de esquerda, apesar dos seus adeptos entre a direita. Nasceu com os saneamentos académicos do PREC que permitiu que gente que em condições normais nunca seriam professores universitários ou “investigadores” o fossem. O domínio destes estabeleceu-se com a formação ideológica dos alunos, oferecendo lugares de professores nas universidades aos que melhor foram formatados mentalmente durante as licenciaturas ou mestrados. Por isso é que a 99% dos professores/investigadores em Ciências da Educação são pessoas não apenas de esquerda, mas da “esquerda da esquerda”. Nem o Estado Novo conseguiu tal feito. Dúvidas? Vá a uma qualquer livraria com uma secção de Educação; feche os olhos e escolha à sorte um livro, abra-o e leia o prefácio ou a sinopse. Vai pensar que teve azar e então volta a fazer o mesmo exercício. O resultado será o mesmo. E não vale a pena insistir porque será sempre assim. Tirando os livros técnicos de educação qualquer secção de Educação numa livraria é uma secção de doutrina política de extrema-esquerda. Mas o que mais me entristece é saber que os professores se deixam ficar acomodados perante esta dominação ideológica responsável em larga medida, como frisou Nuno Crato, pela confusão e desorganização da Educação em Portugal e inclusive pelo mau estar profissional existente entre os docentes.

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