sábado, 13 de dezembro de 2008

Cisão? Não.

Os jornais, sempre ávidos de notícias que prejudiquem o PSD, falam em “cisão” no partido devido ao Estatuto Político Administrativo (EPA) dos Açores. O delírio destes jornalistas vai mesmo ao ponto de colocar em causa o apoio do PSD para a reeleição de Cavaco Silva. Tudo isto porque Mota Amaral, Berta Cabral e restantes sociais-democratas açorianos acham que o partido deve aprovar novamente o EPA, na próxima sexta-feira, contra a vontade do Presidente da República.
O PSD-Açores não se vai separar do PSD. Portugal não é a Alemanha e os Açores não são a Baviera, por isso o modelo CSU bávara no interior da CDU germânica não faz sentido nenhum em Portugal, onde partidos regionais pura e simplesmente não funcionam, nem sequer nas regiões autónomas, e o eleitorado açoriano nunca iria perceber essa patética hipótese de “cisão” apenas à escala dos Açores e muito dificilmente mudariam o seu sentido de voto para uma nova força política de centro-direita das ilhas. Basta encomendar um estudo a uma empresa de sondagens para confirmar isso. E se não fez sentido em 1975, não é certamente em 2008 que passaria a fazer. Aliás, se fosse possível Alberto João Jardim, na Madeira, já o teria feito há muito tempo.
É obvio que o PSD nos Açores, seguindo a sua tradição autonómica, terá que se colocar ao lado de Carlos César. O contrário, isto é, apoiar o PR, seria um erro tremendo. Seria a negação da tradição autonomista do partido no arquipélago. E quando um partido político de centro-direita rompe com as suas tradições (e logo com a mais importante) decreta a sua própria morte.
O problema, no meu entender e em benefício do partido, pode ser resolvido da seguinte maneira: Ferreira Leite manda os deputados do PSD aparecerem na Assembleia da República e votar contra a aprovação do EPA, mas Berta Cabral, Mota Amaral e acólitos fazem uma ou mais conferências de imprensa a manifestar o seu apoio à aprovação do EPA, escrevem uns artigos sonantes para os jornais, dão umas entrevistas ou prestam umas declarações de indignação para com Cavaco Silva à televisão e às rádios açorianas e assim ilibam-se junto do eleitorado dos Açores e protegem-se das investidas de César - que está inquieto por acusar os políticos dos PSD-Açores de defenderem primeiro os interesses do partido e só depois os interesses dos Açores. Depois explicam a Manuela Ferreira Leite que os dois deputados do PSD eleitos pelos Açores terão que votar a favor do Estatuto e fazem novamente os mesmos exercícios comunicativos declarando, com pompa, que “tudo fizeram para o EPA fosse aprovado”. Depois esperam, com a consciência tranquila, que o tempo e o silêncio façam esquecer o assunto. E tudo acaba bem para o PSD e para o PSD-Açores. É assim que se faz política, tanto aqui como no resto do planeta.

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