sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Eleições EUA: a escolha do “meu” candidato

Sobre as eleições norte-americanas nunca me pronunciei de forma clara, ou seja, nunca assumi a escolha do “meu” candidato – o que é raro acontecer, porque em Portugal e na Europa as minhas escolhas são bem mais simples. Mas, como nos EUA tudo é direita (chamar socialista a um americano é um insulto) nem sempre para mim é fácil a escolha entre republicanos e democratas, embora prefira os republicanos porque tive a minha infância marcada pela extraordinária presidência de Ronald Reagan.
Mas a razão de não ter escolhido um dos dois candidatos deve-se ao facto de estar, desde as primárias de ambos os partidos, divido entre os dois candidatos. Queria que McCain vencesse no Partido Republicano e venceu. Queria, ainda mais, que Obama derrota-se Clinton no Partido Democrata e assim aconteceu. Mas quando a escolha ficou entre McCain e Obama a coisa complicou-se.
Gosto de McCain. É, em si mesmo, um exemplo de bravura, coragem e resistência. E nem mesmo os seus 72 anos resultam em impedimento para tentar alcançar o sonho de toda a sua vida: a presidência dos EUA. Já sigo o senador do Arizona desde as directas republicanas de 2000 que infelizmente perdeu, para desgosto meu na altura, com G. W. Bush. Desde então, observei a sua actuação no senado e não raras vezes gabei-lhe a independência partidária e a fidelidade aos princípios que convictamente acredita. McCain é o que é. Não é um político falso, cínico e mentiroso como tantos outros. É sincero e essa sinceridade inspira confiança. A presidência dos EUA seria o final perfeito de uma vida singular como a do vigoroso ex-prisioneiro de guerra do Vietname.
Barack Obama é a história de sucesso por excelência para mim. Tudo o que Obama é deve em primeiro lugar aos estudos. Aluno brilhante formado na Universidade de Harvard e professor na de Chicago tornou-se num advogado brilhante e num político sagaz pelo seu próprio mérito e trabalho. É a personificação valores do liberalismo: mérito mais trabalho igual a sucesso. Se Obama for eleito presidente é a mais perfeita demonstração de que nos EUA – símbolo máximo da liberdade para toda a humanidade que admite que um candidato chamado Hussein, filho dum muçulmano, possa ser presidente oito anos depois de sofrer um ataque atroz como o do 11 de Setembro – todo o cidadão independentemente das suas origens humildes ou exóticas pode chegar à presidência se tiver talento e competência para isso. E esta mensagem ecoaria com estrondo em todo o planeta. Faria que as pessoas, especialmente as talentosas, trabalhadoras e competentes acreditassem mais em si mesmas.
Se fosse um burro racista ou um estúpido preconceituoso tinha em consideração a raça do candidato. Como não sou e não faço distinção entre brancos, pretos, amarelos ou cafés com natas não tenho, ao contrário da esmagadora maioria dos portugueses, a escolha do “meu” candidato facilitada por critérios de raça como sucede entre a “claque” portuguesa que “apoia” Obama.
Agradeço a Deus não ser americano, porque, mesmo completamente enterrado em informações sobre a vida de ambos os candidatos que me permitiram formar racionalmente uma opinião sobre cada um, ainda não sei em quem votaria.

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