domingo, 19 de outubro de 2008

O poder do "senhor comunicação"

Pacheco Pereira é muito provavelmente o “senhor comunicação” em Portugal. Escreve no jornal Público, na revista Sábado e nos seus blogues Abrupto e Estudos sobre o Comunismo, participa no programa Quadratura do Círculo na SIC Notícias e ainda colabora no Rádio Clube Português. Ele próprio tem consciência do poder que toda essa participação na comunicação social lhe possibilita e, numa entrevista recente ao DN, afirmou que o Abrupto lhe confere “mais poder do que ser secretário de estado ou ministro”.
O modo como se insurgiu (disse que “seria um péssimo sinal de que o PSD não teria dignidade face a si próprio” ao lado de António Costa, ferindo de morte essa candidatura junto do candidato socialista) contra a pretensão de Santana Lopes a Lisboa fez estalar o verniz da tentativa da criação duma falsa unanimidade em torno dessa candidatura. Se Pacheco Pereira não se tivesse pronunciado Santana surgia como natural candidato à câmara da capital. Agora já não vai ser tão fácil. Pacheco Pereira colocou Manuela Ferreira Leite no gume da navalha: ou apoia Santana e perde credibilidade e apoios internos, ou veta Santana fazendo dele uma vítima e coloca o PSD em estado de “guerra civil”.
A solução que Ferreira Leite deverá adoptar será a de apoiar discretamente e à distância a candidatura de Santana Lopes, porque com uma distrital da dimensão da de Lisboa unida (29 em 31 votos possíveis) no seu apoio ao “menino-guerreiro” não existe outra solução. O populismo está tão enraizado no partido que já não é possível a nenhum líder acabar com ele, apenas negociar com ele. Aliás, a liderança de Manuela Ferreira Leite nem sequer tem força para impor um candidato que não seja Santana Lopes. E assim continua o PSD nesta sua luta pela ética e credibilidade contra o populismo. Todavia, tenho dúvidas se a ética e credibilidade fazem mais parte do “código genético” do PSD do que o populismo.

PS – Marcelo Rebelo de Sousa depois de lançar (na RTP) a candidatura da Santana Lopes agora (no Sol) manifesta-se contra ela na sua habitual incoerência. Mas agora é tarde para isso. Depois de plantar a semente, pretende agora cortar a planta antes que esta se desenvolva. Marcelo é um péssimo estratega político, e aquele seu estilo de “comunicação popular” afasta-o do papel de “ideólogo” que não é nem nunca poderá ser devido à sua versatilidade política que faz com que cavalgue as ondas para onde quer que seja que os ventos as encaminham. Pacheco Pereira merece respeito pelas suas posições. Marcelo Rebelo de Sousa não.

Sem comentários:

Vos estis sal terra |

 Vos estis sal terra | "I Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porq...